Economia Gasto de brasileiros com viagens ao exterior é o menor em cinco anos
Por Redação O Sul | 23 de junho de 2015
Os gastos de brasileiros no exterior continuaram recuando em maio, quando somaram 1,41 bilhão de dólares, segundo informações divulgadas pelo BC (Banco Central) nesta segunda-feira (22). Trata-se do menor valor para meses de maio desde 2010, quando totalizaram 1,15 bilhão de dólares.
A queda de despesas no exterior acontece em um ano no qual o dólar tem registrado alta. No mês passado, a moeda norte-americana subiu 5,78%, para 3,18 reais. Na parcial dos cinco primeiros meses de 2015, o dólar teve alta de quase 20%.
O dólar mais alto encarece as passagens e os hotéis cotados em moeda estrangeira, além dos produtos comprados lá fora. A valorização da moeda norte-americana também encarece os gastos com cartões de crédito e débito no exterior – que sofrem a incidência, ainda, do Imposto Sobre Operações Financeiras de 6,38%.
Ao mesmo tempo, outros fatores também têm diminuído a renda das famílias, como a alta da inflação e de tributos, como aqueles sobre gasolina, empréstimos, cosméticos e bebidas, por exemplo. O nível de endividamento das famílias está elevado neste ano. Em abril, o endividamento das famílias atingiu 46,3%, o maior percentual desde o início da pesquisa.
“Nas despesas com viagens no exterior, houve uma reversão. Essa despesa vinha crescendo [nos últimos anos]. É um item muito sensível à taxa de câmbio. Acredito que isso esteja impactando nesse ano os fluxos. Claro que o menor nível de atividade econômica também contribui nesse sentido. Mas fundamentalmente o encarecimento do dólar se refletiu nessa conta nesse ano”, avaliou o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel.
Acumulado do ano
Nos cinco primeiros meses deste ano, ainda segundo informações da autoridade monetária, as despesas de brasileiros no exterior somaram 8,29 bilhões de dólares. Com isso, registraram queda de 20,6% frente ao mesmo período do ano passado (10,44 bilhões de dólares). Os gastos de brasileiros no exterior são os menores, para o período de janeiro a maio de um ano, desde 2011 – quando somaram 5,72 bilhões de dólares, de acordo com o Banco Central.
Histórico de gastos
Em 2014, os gastos de brasileiros no exterior somaram 25,6 bilhões de dólares – recorde para um ano fechado. No ano anterior, haviam somado 24,98 bilhões de dólares, contra 22,2 bilhões de dólares em 2013. Em 2011, as despesas dos nossos turistas lá fora haviam totalizado 21,2 bilhões de dólares.
Até 1994, quando foi criado o Plano Real para conter a hiperinflação no País, os gastos de brasileiros no exterior não tinham atingido a barreira dos 2 bilhões de dólares. Mas, naquele ano, quando o real foi ao equiparado ao dólar, as despesas somaram 2,23 bilhões de dólares. Entre 1996 e 1998, elas oscilaram entre 4 bilhões de dólares e 5,7 bilhões de dólares.
Com a maxidesvalorização cambial de 1999 e o dólar ultrapassando 3 reais em um primeiro momento, as despesas lá fora também ficaram mais caras. Os gastos voltaram a recuar e ficaram, naquele ano, próximo de 3 bilhões de dólares.
Junho
O BC projeta queda de 17% nos gastos em junho, em comparação ao mesmo mês de 2014. As receitas deixadas por estrangeiros em viagem no Brasil também deverão cair no mês por causa do efeito da Copa do Mundo, no ano passado. Ou seja, em 2014, com o Mundial de futebol no País, houve mais receitas do que este ano.
De janeiro a maio, as receitas de estrangeiros no Brasil chegaram a 2,498 bilhões de dólares ante 2,791 bilhões de dólares em igual período do ano passado. Em maio, essas receitas somaram 417 milhões de dólares.
O BC espera que o déficit na conta de viagens internacionais, formado pelos gastos de brasileiros e receitas de estrangeiros, fique em 14,5 bilhões de dólares neste ano. A projeção anterior era 16 bilhões de dólares.
Transações correntes
A projeção de déficit em transações correntes, que são as compras e as vendas de mercadorias e serviços do país com o mundo, foi reduzida pelo BC. A estimativa passou de 84 bilhões de dólares para 81 bilhões de dólares este ano. Em relação a tudo o que o País produz – Produto Interno Bruto, o saldo negativo deve ficar em 4,17%, contra 4,42% previstos anteriormente. O BC faz revisões nas projeções trimestralmente. A estimativa para o saldo positivo da balança comercial (exportações e importações), neste ano, permaneceu em 3 bilhões de dólares. (Alexandro Martello/AG e Kelly Oliveira/ABr)
Deixe seu comentário
Últimas
Política Defesa de Bolsonaro volta a pedir ao Supremo devolução temporária do passaporte para viagem a Israel
Política Em depoimento ao FBI e à Polícia Federal, Mauro Cid dá detalhes de venda de joias nos Estados Unidos
