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Por Redação O Sul | 4 de junho de 2015
A força-tarefa da Operação Lava-Jato apontou o dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, e o executivo da Odebrecht, Márcio Faria, como líderes da organização criminosa denunciada à Justiça Federal, que de 2004 a 2014, teria desviado mais de 6 bilhões de reais da Petrobras, por meio do pagamentos de propinas, que variavam de 1% a 3% dos contratos da estatal, a agentes públicos e políticos.
É a primeira vez que a força-tarefa indica um empresário da Odebrecht, maior empreiteira do País, como um dos mandantes do esquema que teria desviado recursos da estatal.
“Na organização de tal esquema, comandando o núcleo econômico, estava Pessoa e Faria, o primeiro pela UTC e o segundo pela Odebrecht. Ambos dirigiam as atividades da Orcrim [organização criminosa]”, registraram os nove procuradores do MPF [Ministério Público Federal], que subscrevem a primeira alegação de uma ação penal envolvendo executivos do cartel como réus.
Os executivos da Odebrecht não foram denunciados pela Lava-Jato. A empreiteira e seus dirigentes são alvos de inquérito da PF (Polícia Federal). A empresa negou envolvimento com o esquema. Faria e outros dois executivos, Rogério Araújo e Alexandrino Alencar, foram apontados em delações premiadas como elos do cartel no esquema da Petrobras.
O processo em que os Procuradores apontam o papel de liderança do dono da UTC e do executivo da Odebrecht responsabiliza três executivos da Camargo Corrêa – afastados dos cargos em novembro, após serem presos pela Lava-Jato –, Dalton Avancini, ex-presidente; Eduardo Leite, ex-vice-presidente; e João Auler, ex-presidente do Conselho de Administração da empreiteira. Eles são acusados de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Pessoa também é réu no processo da Camargo Corrêa, no entanto, a força-tarefa não apresentou pedido de condenação contra ele, pois o empresário está em tratativa de delação premiada com a PGR (Procuradoria-Geral da República), nos inquéritos que envolvem políticos – que têm foro especial por prerrogativa de cargo. (AE)