Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 17 de junho de 2017
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello, relator do inquérito que investiga o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), negou a solicitação do tucano para que o pedido de prisão contra ele, formulado pela PGR (Procuradoria-Geral da República), fosse julgado pelo plenário da Corte e não pela Primeira Turma.
Na decisão, Marco Aurélio afirma que “o desfecho desfavorável a uma das defesas é insuficiente ao deslocamento”. Na terça-feira (13), o ministro informou que deverá levar o pedido da PGR a julgamento na próxima semana. No documento formulado ao STF, o advogado Alberto Toron, que defende Aécio, afirma que a análise do pedido de prisão é uma questão “da mais alta relevância e gravidade” e que, por isso, o assunto deveria ser remetido ao plenário da Corte.
A defesa pede que Aécio retorne ao exercício do mandato, do qual foi afastado em maio por determinação do ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no Supremo. A prisão e o afastamento foram pedidos, segundo a PGR, para evitar que Aécio atrapalhe as investigações.
O tucano foi denunciado pela PGR ao Supremo pelos crimes de corrupção passiva e obstrução da Justiça. Em delação premiada, o empresário Joesley Batista – um dos donos do grupo JBS –, entregou uma gravação de 30 minutos na qual o senador do PSDB pede R$ 2 milhões para, supostamente, pagar a defesa dele na Lava-Jato.
Além do caso JBS, Aécio é alvo de outras sete investigações no Supremo. Cinco foram abertas a partir de delações da empreiteira Odebrecht. Outras duas foram abertas a partir de delação do senador cassado Delcídio do Amaral, sobre Furnas e sobre o chamado mensalão mineiro.
Primo
Em documento encaminhado à Polícia Federal na segunda-feira (12), os advogados de Frederico Pacheco de Medeiros, primo de Aécio, dizem que o cliente foi buscar R$ 2 milhões em São Paulo “a pedido” do senador tucano.
“A pedido do senador Aécio Neves, o postulante [Frederico] coletou a quantia de R$ 2 milhões na cidade de São Paulo e, seguindo a orientação daquele parlamentar, a acautelou nesta capital [Belo Horizonte]”, diz a peça.
Parte dessa quantia, R$ 480 mil, segundo o documento, foi entregue a Mendherson Lima, ex-assessor do senador Zezé Perrella (PMDB-MG). A outra parcela, de R$ 1,52 milhão, foi depositada em uma agência da Caixa Econômica Federal em Belo Horizonte.
Aécio nega
Desde que surgiram as delações de executivos da JBS e os pedidos do Ministério Público, Aécio tem negado em notas à imprensa e em vídeos nas redes sociais todas as acusações. O senador afastado diz, por exemplo, que é vítima de “armação”; afirma que não atuou para beneficiar a JBS e garante também que provará a sua inocência.
“Essa armação me tornou, hoje, alvo de acusações e de suspeitas e levou a medidas injustificáveis, como a prisão de meus familiares, que não cometeram nenhum ato ilícito”, afirmou o senador afastado em um vídeo publicado no Facebook. (AG)