Sexta-feira, 26 de abril de 2024

Porto Alegre
Porto Alegre, BR
24°
Thunderstorm

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Economia Novas tarifas de Donald Trump que recairão em produtos chineses importados podem acabar prejudicando mais os Estados Unidos do que a China

Compartilhe esta notícia:

Presidente dos EUA disse que tarifas podem ou não ser removidas, dependendo do resultado das negociações. (Foto: Reprodução)

As guerras comerciais são boas e fáceis de vencer. Este era o pensamento que o presidente americano Donald Trump tinha no ano passado quando iniciou sua primeira rodada de tarifas sobre importações estrangeiras. Parece que as coisas se provaram tão boas e fáceis que ele está se preparando para outra luta. As informações são da agência Bloomberg.

Trump planeja aumentar as tarifas dos EUA sobre determinados produtos chineses dos atuais 10% para 25% já nesta sexta-feira, tuitou ele no último domingo – minando instantaneamente quaisquer esperanças de que as negociações comerciais estivessem se aproximando de uma resolução amigável.

O argumento do presidente dos EUA tem uma base sólida: se os EUA impuserem imposto de 25% sobre os bens importados da China, os consumidores americanos passarão a comprar produtos mais baratos e não tributados de algum outro país. Assim, as fábricas chinesas reduzirão os preços para manter a participação de mercado e acabarão pagando uma boa parte dos custos das tarifas. Essa teoria, entretanto, cai por terra quando você se afasta dos modelos econômicos simplificados para o mundo real.

Vamos aos fatos. Washington colocou uma tarifa de 10% em móveis, juntamente com uma série de outros produtos de consumo, em setembro de 2018. Os EUA compram cerca de metade de seus móveis da China. E os varejistas de móveis dos EUA mantêm seu estoque por três a quatro meses antes de fazer uma venda.

Um varejista sensato teria se preocupado com o aumento da taxa muito antes de ser realmente levantada está hipótese, mas é provável que o seu primeiro passo tenha sido simplesmente aumentar o preço.

Por um lado, os varejistas geralmente querem elevar os preços na medida em que a concorrência permite. Por outro, o Representante Comercial dos EUA, Robert Lighthizer, cortou cuidadosamente a lista de produtos afetados pela sobretaxa, com o objetivo de excluir itens comprados com frequência, em que preços mais altos causariam choque no mercado americano e oposição política entre os consumidores do país.

Da mesma forma, os varejistas de móveis podem estar bastante confiantes de que os clientes não compraram uma mesa de jantar nesta década, por isso não serão muito sensíveis aos movimentos de preços. Isso é exatamente o entendimento do grupo de economistas liderados por Aaron Flaaen, do Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano).

Não só as tarifas de administração anteriores a Trump sobre as máquinas de lavar aumentaram o preço dessas mercadorias, como os varejistas também aumentaram o preço dos secadores (que não foram sobretaxadas), talvez para manter uma aparência de paridade entre os preços dos dois produtos comprados com pouca frequência.

Em algum momento, você esperaria que esse efeito desaparecesse. Se os varejistas de móveis dos EUA enfrentassem uma tarifa permanente nas mesas de jantar chinesas, poderiam mudar para fornecedores alternativos no (digamos) México, Vietnã ou Malásia. Isso deveria levar as fábricas chinesas a pagar mais do imposto, uma vez que os varejistas as pressionavam para baixar os preços se quisessem reter participação de mercado.

O problema é que não é fácil transferir uma indústria avaliada em US$ 38 bilhões para um novo país da noite para o dia. É improvável que as fábricas de mesa de jantar no México, Vietnã e Malásia tenham capacidade ociosa para substituir a China (o total de importações de móveis dos EUA dos três países é inferior à metade do comércio da China). Este é um cenário que se repete em vários outros setores. Na maioria das categorias em que a China tem uma presença significativa no mercado americano. O gigante asiático é responsável por mais de um terço das importações dos EUA.

Se uma loja de móveis dos EUA entrar em contato com uma fábrica na cidade de Ho Chi Minh para substituir suas importações chinesas de mesa de jantar, os gerentes vietnamitas devem se perguntar se vale a pena gastar dinheiro em uma nova linha de produção ou contratar mais trabalhadores. Talvez até seja, mas se o presidente Trump mudar de opinião no mês seguinte e baixar as tarifas novamente, eles podem se ver com uma carga de capacidade ociosa que é incapaz de competir no novo mundo livre de impostos.

Como os economistas liderados por Mary Amiti, do Fed de Nova York, escreveram em um documento publicado em março, a incidência total das tarifas americanas impostas até hoje (cerca de US$ 1,4 bilhão por mês) recai sobre os consumidores domésticos.

Um estudo de Pablo Fajgelbaum da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, teve o mesmo resultado. Os termos de troca dos EUA estão em um nível alto – mas eles vêm diminuindo gradualmente desde o segundo trimestre do ano passado, pouco antes da primeira grande rodada de tarifas contra a China ter sido imposta.

Com o perfil do Twitter de Trump tão imprevisível, é possível que este último ataque seja esquecido e as negociações comerciais voltem a ocorrer em breve. Talvez seja mesmo uma tática de negociação de alto risco. Mas ações precipitadas e políticas mal-entendidas têm efeitos do mundo real: a China está considerando cancelar uma viagem a Washington por seu principal negociador comercial, Liu He, disseram fones do governo americano.

Ter uma política comercial que oscile a sabor dos ventos no Salão Oval da Casa Branca não é uma boa maneira de proteger a economia dos EUA.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Economia

FCDL-RS avalia como positivas as propostas do governo federal para recuperar a economia
CNA inicia missão para quatro países da Ásia
https://www.osul.com.br/novas-tarifas-de-donald-trump-que-recairao-em-produtos-chineses-importados-podem-acabar-prejudicando-mais-os-estados-unidos-do-que-a-china/ Novas tarifas de Donald Trump que recairão em produtos chineses importados podem acabar prejudicando mais os Estados Unidos do que a China 2019-05-06
Deixe seu comentário
Pode te interessar