Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 21 de maio de 2017
O acordo de leniência entre a J&F (grupo que controla a JBS) e o Ministério Público Federal emperrou com a recusa da companhia em aceitar pagar R$ 11,2 bilhões na sexta-feira (19). Os procuradores tinham dado um ultimato para que a empresa fechasse o acordo até as 23h59min, mas a empresa só aceitava pagar R$ 1 bilhão. Com a pressão da Procuradoria, os representantes da companhia chegaram a oferecer R$ 1,4 bilhão.
Sem desfecho, a proposta foi retirada, e as negociações, interrompidas. Não se sabe se elas poderão continuar porque, no meio das conversas, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) abriu investigação para apurar supostas irregularidades em operações financeiras da J&F.
O órgão regulador do mercado vai apurar se o grupo comandado por Joesley Batista se beneficiou com uma compra bilionária de dólares feita semanas antes das delações dos executivos se tornarem públicas – o que fez disparar a cotação da moeda americana.
Se confirmado, a J&F já teria rompido cláusulas do acordo que estava tentando fechar com os procuradores. A leniência prevê a confissão de ilícitos, o pagamento de multa e o compromisso de cessação das práticas criminosas.
Em troca, a empresa recebe um atestado de que poderá continuar fechando contratos com o poder público (declaração de idoneidade) e terá acesso a crédito.
Os procuradores acreditam que isso dá poder de negociação ao Ministério Público, que já tinha dado um desconto no valor da multa. Quando as conversas começaram, em fevereiro, o valor pedido era de cerca de R$ 33 bilhões.
Como a empresa aceitou fazer a colaboração, houve um desconto de dois terços, levando o valor para R$ 11,2 bilhões, o que representa 5,8% do faturamento da empresa no ano passado. O valor que a empresa aceita pagar – R$ 1,4 bilhão – é praticamente o prejuízo causado pela venda de ações do grupo para o BNDES, segundo estimativas do TCU (Tribunal de Contas da União). (Folhapress)