Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 21 de setembro de 2018
O Google reconheceu em carta enviada ao Senado dos Estados Unidos que segue permitindo que terceiros tenham acesso e compartilhem dados de contas do Gmail, o serviço de e-mail da empresa. O “The Wall Street Journal” explicou que o Google respondeu na carta várias perguntas dos senadores sobre a privacidade dos usuários e medidas de proteção adotadas pela empresa.
Os desenvolvedores (de software) podem compartilhar dados com terceiros sempre e quando forem transparentes com os usuários sobre como eles estão sendo utilizados”, escreveu na carta a vice-presidente de Assuntos Governamentais nas Américas do Google, Susan Molinari.
A afirmação da vice-presidente significa que o Google permite que os desenvolvedores analisem o conteúdo dos e-mails de uma conta para detectar palavras-chave que os ajudem a entender melhor o comportamento dos usuários. E esses dados podem ser posteriormente compartilhados com terceiros.
O Google, contudo, afirmou na carta ter abandonado esse tipo de prática no ano passado. Os desenvolvedores que atuam dentro da plataforma são únicos a realizar esse tipo de atividade. A empresa tem sido criticada desde o início do mês por ser negar a enviar seu executivo-chefe, Larry Page, para uma audiência no Comitê de Inteligência do Senado, que discute questões de segurança e privacidade envolvendo o setor tecnológico do País.
O diretor-geral do Twitter, Jack Dorsey, e a responsável de operações do Facebook, Sheryl Sandberg, foram ouvidos pelos senadores e garantiram que as empresas estão mais preparadas para enfrentar a interferência estrangeira nas eleições legislativas de novembro nos EUA.
China
Um grupo bipartidário de 16 parlamentares dos Estados Unidos perguntou ao Google, da Alphabet, se a empresa cumprirá as políticas chinesas de censura e vigilância na internet, caso o site de busca volte ao mercado chinês.
O questionamento aumentou a pressão sobre o Google para divulgar precauções que seriam necessárias para proteger a segurança de seus usuários se os reguladores chineses permitirem que seu mecanismo de busca opere no país.
Mais de mil funcionários do Google, seis senadores norte-americanos e pelo menos 14 grupos de direitos humanos escreveram para a empresa mostrando preocupação com suas ambições na China.
Jack Poulson, pesquisador que trabalhou para o Google por mais de dois anos, disse que renunciou por achar que a empresa não estava honrando o compromisso com os direitos humanos ao projetar uma versão censurada do aplicativo de busca.
Poulson disse à Reuters que os executivos não especificaram qual seria o limite da empresa para aceitar as exigências chinesas. “Infelizmente, a resposta praticamente unânime ao longo de três semanas foi: ‘Eu também não sei’”, disse Poulson.
O Google se recusou a comentar diretamente a carta dos legisladores ou as renúncias de funcionários, mas disse em comunicado que “investiu por muitos anos para ajudar os usuários chineses” e descreveu seu “trabalho em mecanismos de pesquisa” como “exploratório” e “não próximo de lançamento”.
Na carta, os legisladores dos EUA perguntaram se o Google “garantiria que cidadãos chineses ou estrangeiros residentes na China, incluindo norte-americanos, não sejam vigiados nem segmentados por meio de aplicativos do Google”.
A Reuters publicou no mês passado que o Google planeja buscar aval do governo para fornecer uma versão de seu mecanismo de busca na China que bloqueia alguns sites e termos de busca.