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Por Redação O Sul | 27 de agosto de 2017
Pelo menos 49 veículos de comunicação foram fechados pelo governo da Venezuela em 2017, denunciou neste sábado (26) o principal sindicato de jornalistas do país durante um protesto contra o fechamento de duas emblemáticas emissoras de rádio.
“Registramos o fechamento de 49 veículos de comunicação, a maioria emissoras de rádio, incluindo canais de televisão por assinatura como os casos da RCN e da Caracol”, declarou o secretário-geral do SNTP (Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa, na sigla em espanhol), Marco Ruiz.
Um grupo de jornalistas protestou em Caracas contra a decisão da Conatel (Comissão Nacional de Comunicações) de tirar do ar as emissoras caraquenhas 92.9 FM e Mágica 91.1 FM, com quase 30 anos de história.
Segundo Ruiz, o governo de Nicolás Maduro promove “uma política sistemática de encurralamento e asfixia de espaços para o exercício da livre-expressão, o exercício da crítica e o exercício da dissidência”.
Para o SNTP, a medida é “arbitrária e violadora do devido processo”.
“Vamos para uma escalada muito mais avançada em relação ao controle da opinião”, advertiu a secretária-geral do Colégio Nacional de Jornalistas, Delvalle Canelón.
Na quarta-feira (23), por disposição da Conatel, os canais colombianos Caracol e RCN foram excluídos da grade de programação das operadoras de televisão por assinatura no país.
Em fevereiro, o governo já havia cancelado o sinal da CNN em Espanhol e, em abril, do canal colombiano El Tiempo e do argentino Todo Noticias.
Exercícios
As Forças Armadas da Venezuela realizaram exercícios em todo o país no sábado (26), convocando civis para juntarem-se a unidades da reserva para defenderem contra um possível ataque depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alertou sobre uma “opção militar” para o país.
Trump fez a ameaça de ação militar contra a Venezuela duas semanas atrás e na sexta-feira assinou uma ordem proibindo negócios envolvendo novas dívidas do governo venezuelano ou de sua companhia petrolífera, a PDVSA. A sanção foi decidida para atingir o financiamento ao que Trump chamou de “ditadura” do presidente Nicolás Maduro.
“Contra as ameaças beligerantes dos Estados Unidos, todos os venezuelanos com idades entre 18 e 60 anos devem contribuir para a defesa integral da nação”, afirma um anúncio transmitido pela televisão estatal.
Imagens da TV estatal mostraram jovens venezuelanos e pessoas mais velhas entrando em centros de registro de reservistas. Mas não há evidência de cadastramento para além dos mais fervorosos apoiadores do partido socialista de Maduro.
A ameaça de ação militar feita por Trump está sendo usada por Maduro para apoiar seu discurso de que o “império” norte-americano está travando uma guerra econômica contra a Venezuela e quer invadir o país para roubar suas reservas de petróleo.
A ideia vinha sendo considerada como absurdo pela oposição e por autoridades dos EUA até 11 de agosto, quando Trump disse que “uma operação militar, uma opção militar é certamente algo que podemos buscar” como forma de encerrar a crise na Venezuela. (AFP e Reuters)