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Mundo O governo dos Emirados Árabes Unidos vinha usando um programa espião israelense secretamente grampeando os smartphones de dissidentes no país ou de rivais no exterior

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A tecnologia funciona enviando mensagens de texto para um smartphone e se o usuário clica nelas, o spyware permite monitorar telefonemas, e-mails, lista de contatos e até conversas ao vivo. (Foto: Reprodução)

O governo dos Emirados Árabes Unidos vinha usando programas espiões de Israel há mais de um ano, secretamente grampeando os smartphones de dissidentes no país ou de rivais no exterior e monitorando suas atividades. Assim, quando foi oferecida às autoridades uma atualização a preços módicos do software, eles quiseram se certificar de que o programa estava funcionando direito. É o que revelam e-mails que vazaram de dois processos contra a empresa israelense responsável pela tecnologia, a NSO.

Nas mensagens, o governo dos Emirados perguntava: o programa conseguiria gravar secretamente os telefonemas do emir do Qatar [um rival regional]? E as ligações de um poderoso príncipe da Arábia Saudita, comandante da Guarda Nacional do país? E poderia grampear o telefone do editor de um jornal árabe com sede em Londres?

“Por favor, ouçam as duas gravações em anexo”, respondeu um representante da NSO quatro dias depois, segundo os e-mails. As gravações citadas eram de telefonemas do editor, Abdulaziz Alkhamis, que as confirmou esta semana, dizendo que não sabia que estava sob vigilância.

Conforme o jornal O Globo, as ações da NSO são agora o ponto focal do processo que acusa a empresa de espionagem ilegal — parte de um esforço global para fazer face à crescente “corrida armamentista digital” no setor dos spywares (programas-espiões).

De um lado, empresas criam e vendem tecnologias de vigilância a governos por milhões de dólares. Do outro, grupos defensores de direitos humanos alertam que a falta de controle efetivo sobre a prática leva a abusos gritantes. E a NSO é uma das empresas mais emblemáticas no setor, por ser muito conhecida por criar spywares que invadem smartphones.

Os dois processos judiciais, impetrados em Israel e em Chipre, foram iniciados por um cidadão do Qatar e por jornalistas e ativistas mexicanos, todos vítimas do programa-espião da NSO.

No México, a empresa israelense vendeu a tecnologia ao governo sob a condição de que fosse usada somente para vigiar criminosos e terroristas. Mas acabaram grampeados alguns dos mais importantes advogados atuantes na área de direitos humanos, jornalistas e ativistas anticorrupção. Como resultado, muitos são agora os queixosos nos processos.

O governo do Panamá também comprou o spyware, e o presidente na época o usou para espionar seus rivais políticos e seus críticos, segundo documentos de outro processo, iniciado no país.

Toda vez que foi confrontada com acusações de espionagem, a NSO dizia que apenas vendia a tecnologia aso governos, que concordavam em só adotá-la contra o crime, mas que então passavam a utilizá-la sozinhos.

Mas os processos atuais incluem documentos e e-mails vazados que claramente contradizem a versão da empresa de que não é responsável por qualquer vigilância ilegal dos governos que usam o spyware.

Os processos também lançaram nova luz sobre as intrigas políticas que envolvem Israel e as monarquias árabes do Golfo Pérsico, que cada vez mais recorrem a táticas hackers como armas contra os rivais.

Os Emirados Árabes oficialmente não reconhecem a existência de Israel, mas parecem ter uma aliança crescente com o país nos bastidores. Como Israel classifica o spyware como uma arma digital, a NSO só poderia tê-lo vendido ao governo dos Emirados com autorização do Ministério da Defesa israelense.

Os e-mails vazados no processo mostram que os Emirados assinaram um contrato de licença para obter o software em agosto de 2013.

Um ano e meio depois, uma filial britânica da NSO pediu ao governo dos Emirados para fazer um pagamento de US$ 3 milhões, o sexto relativo ao contrato original, o que sugere que a licença do programa custaria pelo menos US$ 18 milhões no período.

Uma atualização no ano seguinte, vendida pela filial da NSO em Chipre, custou US$ 11 milhões em quatro prestações.

Mensagens são iscas

A tecnologia funciona enviando mensagens de texto para um smartphone que funcionam como isca. Se o usuário clica nelas, o spyware, chamado Pegasus, é baixado de maneira sub-reptícia, permitindo a governos monitorar telefonemas, e-mails, lista de contatos e até conversas ao vivo próximas ao aparelho.

O uso do software da NSO pelos Emirados foi descoberto em 2016. Ahmed Mansoor, um defensor dos direitos humanos no país, percebeu mensagens suspeitas em seu iPhone e acusou o governo de tentar hackeá-lo. Foi preso em 2017 sob outras acusações e está na cadeia desde então.

Depois das revelações de Mansoor, a Apple, fabricante do iPhone, disse ter publicado um atualização que consertava as falhas do celular que o deixavam exposto ao spyware da NSO. Esta prometeu investigar a história e afirmou num comunicado que “não tinha conhecimento do caso em questão, nem podia confirmá-lo”.

Mas os documentos do processo mostram que os Emirados continuaram a comprar licenças do spyware bem depois da atualização da Apple e da promessa de investigação da NSO.

 

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