Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 25 de abril de 2018
O livro de memórias do diretor demitido do FBI James Comey que detalha seus encontros particulares com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vendeu cerca de 600 mil cópias em todos os formatos em sua primeira semana, informou a editora na terça-feira (24), sendo o mais recente em uma série de livros políticos best-sellers.
“A Higher Loyalty: Truth, Lies, and Leadership”, de Comey, também ultrapassou o livro de memórias da campanha de Hillary Clinton, “What Happened”, e a revelação dos bastidores da Casa Branca feita pelo jornalista Michael Wolff em “Fogo e Fúria” em vendas na semana de lançamento, de acordo com dados da indústria.
A editora Flatiron Books, uma divisão da Macmillan, informou que imprimiu mais de um milhão de cópias do livro de Comey, que ganhou manchetes no país. A Flatiron não informou se as vendas da semana de lançamento foram globais ou limitadas aos EUA.
Comey tem estado em destaque na mídia, participando de diversas entrevistas na TV e rádio, e também em uma turnê do livro, que fez com que se apresentasse para plateias lotadas de mais de mil pessoas.
O livro provocou a ira de Trump, uma vez que Comey comparou o presidente com um chefe da máfia que enfatiza lealdade pessoal ao invés da lei e possui pouco respeito por moralidade e verdade. “Eu não compro a ideia sobre ele ser mentalmente incompetente ou ter estágios iniciais de demência. Ele me parece uma pessoa de inteligência acima da média que acompanha as conversas e sabe o que está acontecendo. Eu não acho que ele seja clinicamente incapaz de ser presidente. Eu acho que ele é moralmente incapaz de ser presidente.”
Trump demitiu Comey em maio do ano passado enquanto o FBI investigava acusações de que a Rússia teria interferido na eleição presidencial de 2016 e possível conluio entre russos e a campanha de Trump. O presidente americano tem repetidamente negado qualquer conluio.
Obstrução de Justiça
Comey comentou ainda o episódio que envolve a demissão do ex-assessor de Segurança Nacional Michael Flynn, que mentiu ao FBI sobre as conversas que manteve com o então embaixador da Rússia nos EUA, Sergey Kislyak. Flynn deixou o governo em fevereiro de 2017 e indicou que Trump sabia da mentira quando pediu para que Comey suspendesse a investigação sobre a influência russa nas eleições presidenciais. Para o ex-diretor do FBI, o episódio é uma evidência que o presidente cometeu obstrução de Justiça.
“Certamente é alguma evidência de obstrução da Justiça. Dependeria – e eu sou apenas uma testemunha neste caso, não o investigador ou o promotor – de outras coisas que refletissem sobre sua intenção.”
“A única coisa pior do que a história de má conduta de Comey é sua disposição em dizer qualquer coisa para vender livros”, disse em nota o partido Republicano.