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Por Redação O Sul | 12 de abril de 2018
O ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato do PDT ao Palácio do Planalto, aposta que o PT não conseguirá se organizar para a eleição presidencial de 2018. Ele avalia que, após a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os petistas só encontrarão uma alternativa viável: correr para os seus braços ou então protagonizar um fiasco nas urnas.
Isso justificaria parte do comportamento demonstrado ultimamente pelo cearense de 60 anos (ele completará 61 em novembro) e que além de comandar as pastas da Fazenda (1994-1995, durante a gestão do presidente Itamar Franco) e da Integração Nacional (2003-2006, durante o governo Lula), governou do Ceará no período entre 1991 e 1994.
Ele mantém “distância segura” em relação à legenda de Lula. E tem manifestado uma solidariedade contida ao homem que governou o Brasil por dois mandatos consecutivos (2003-2010) e que desde o último sábado está em uma cela na carceragem da Superintendência da PF (Polícia Federal) em Curitiba (PR), após se entregar para o cumprimento da sentença de 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Lava-Jato.
A linha de raciocínio adotada – ainda que de forma não explícita – por Ciro Gomes encontra respaldo entre em maior ou menor grau por parte de dirigentes e líderes do próprio PT. Isso se dá sobretudo entre os que mantiveram alguma ponte com ele e com a cúpula do PDT nos últimos meses.
Ao mesmo tempo, Ciro sabe que a maioria dos dirigentes petistas prefere, agora, lançar um nome próprio na disputa (caso Lula não consiga participar do pleito, o preferido da sigla é o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad), ainda que enfrentem enormes dificuldades eleitorais. De acordo com o instituto de pesquisas Datafolha, a legenda mantém, apesar dos baques, 19% da preferência partidária, apesar dos tropeços que vem sofrendo na história recente do País.
Críticas
Antes de ser preso, Lula já lamentava as críticas que Ciro Gomes faz ao PT. Em fevereiro deste ano, o ex-governador do Ceará chegou a afirmar publicamente que o líder petista “deveria atuar para unir a sociedade brasileira, em vez de dividi-la”.
Ele também afirmou que “a natureza do PT é a de afundar sozinho”. Apesar das críticas, questionamentos e ressalvas, mais de uma vez ele defendeu a ideia de que a condenação de Lula “não é boa para o País”. Ao mesmo tempo, atacou a estratégia da defesa do ex-presidente após a sentença em segunda instância: “o partido de Lula mantém o Brasil refém de um conjunto de recursos judiciais”.
Em outra oportunidade, também no início do ano, Ciro mencionou a possibilidade de que PT, PDT, PSOL, PSB e PCdoB evoluam para algum tipo de acordo eleitoral, juntos. O pré-candidato assegurou que mantêm um bom relacionamento com os dois últimos, no entanto atribuiu aos petistas a falta de possibilidade para a construção de uma unidade entre as legendas.