Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 17 de maio de 2018
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chamou de “animais” alguns imigrantes em situação ilegal, durante uma mesa redonda na quarta-feira sobre as cidades “santuário” e gangues, entre elas a MS-13, da qual denunciou a crueldade.
“Estamos expulsando pessoas do país (…). Não se pode acreditar quão más são essas pessoas”, declarou o presidente em uma reunião na Casa Branca com políticos republicanos da Califórnia.
“Não são pessoas, são animais”, acrescentou. “Estamos tirando-os deste país a um ritmo nunca antes visto”.
O presidente se pronunciou durante um debate sobre os municípios da Califórnia que se negam a cooperar com o ICE, o serviço central de controle migratório do governo federal, chamados “santuários”.
Trump também considerou que a chegada de imigrantes em situação ilegal se deve ao fato de os Estados Unidos terem “as leis de imigração mais fracas do mundo”.
“A lei da Califórnia dá refúgio a alguns dos criminosos mais cruéis e violentos do mundo, como os da gangue MS-13”, disse, lamentando que “homens, mulheres e crianças inocentes” estejam “à mercê de criminosos sádicos”.
Trump qualificou a MS-13, uma gangue originada nos Estados Unidos, mas que tem raízes em El Salvador, de “perversa” e “assassina”.
Opositores democratas reagiram aos comentários do presidente.
“Os imigrantes são seres humanos, não animais, não criminosos, narcotraficantes, não estupradores. São seres humanos”, declarou o representante pelo Colorado, Jared Polis.
O governador da Califórnia, Jerry Brown, disse que “Trump está mentindo sobre imigração, mentindo sobre o crime e mentindo sobre as leis da Califórnia”.
A Califórnia, o estado mais povoado do país e reduto democrata, está imerso em um confronto legal e político com a administração federal sobre imigração.
O governo de Trump demandou o “Golden State” para obrigá-lo a acabar com a política de cidades “santuário”, enquanto a Califórnia também iniciou processos legais contra o governo americano.
Brown sancionou em outubro uma lei que declara a Califórnia um “estado santuário”, em um desafio aberto à decisão de Trump de deter a imigração em situação ilegal e potencialmente expulsar do país milhões de pessoas que entraram nos Estados Unidos de forma clandestina.
Na Califórnia vive a maior parte dos imigrantes em situação ilegal, cerca de um quarto dos 11 milhões estimados que estejam em todo o país, principalmente de origem latino-americana.
Declarações polêmicas
Os relatos de janeiro, de que Trump, teria dito em reunião que seu país recebe imigrantes de “países de merda” —ao se referir a Haiti, El Salvador e nações africanas— causaram reações de desagrado pelo mundo.
Trump foi a público no dia seguinte para comentar o episódio e negou ter usado o termo. A frase foi relatada sob condição de ter o nome omitido nas reportagens por pessoas que estavam na reunião a jornais como “Washington Post” e “New York Times”. Depois, porém, o senador democrata Dick Durbin confirmou o relato em entrevista a um canal de TV.
“Ele [Trump] fez esses comentários torpes e vulgares, chamando as nações de onde eles [imigrantes] vêm de ‘países de merda’ — esta é a palavra exata usada pelo presidente, não só uma vez mas repetidamente”, disse.
Em inglês, o termo é “shithole”, “buraco de merda” ou fossa, em linguagem chula.
“Por que todas essas pessoas desses países de merda vêm parar aqui?”, teria afirmado o presidente, em referência a imigrantes de países africanos, do Haiti e de El Salvador. Trump ainda teria sugerido que os EUA fariam melhor se atraíssem pessoas de lugares como a Noruega.
Trump negou o uso do termo, mas admitiu que usou palavras fortes: “O linguajar usado por mim na reunião do Daca [programa que protege jovens imigrantes] foi forte, mas não assim”.