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Por Redação O Sul | 17 de fevereiro de 2019
A equipe de Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, se prepara para liderar transição política diante da possível queda do governo Maduro. No início, teria dois desafios emergenciais: prover alimentos e remédios aos venezuelanos e estancar a hiperinflação de sete dígitos – 2.500.000% em 2018, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), que projeta variação de 10.000.000% para este ano.
Guaidó já acertou ajuda de US$ 2 bilhões com países que o reconhecem como presidente interino. Ele negocia liberação imediata de US$ 2 bilhões com o FMI, que seriam liberados no primeiro dia da transição. Esses recursos do Fundo reforçariam as reservas cambiais, uma forma de tentar conter a desvalorização do bolívar soberano frente ao dólar. Hoje, as reservas estão em US$ 8 bilhões. Na sequência, seria negociado um pacote de US$ 60 bilhões, a serem desembolsados ao longo de cinco anos.
“Para contermos a hiperinflação o mais rápido possível, precisamos de crédito internacional com organismos como FMI, Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Banco Mundial”, disse ao Valor um deputado da oposição que pediu para não ser identificado. A equipe de Guaidó negocia, ainda, doação, da ordem de US$ 20 bilhões, de nações como Estados Unidos, Canadá e União Europeia.
José Guerra, outro deputado oposicio- nista e com forte atuação em temas econômicos na Assembleia Nacional, crê na adoção de uma âncora cambial, como fez o Brasil nos primeiros 4,5 anos de implementação do Plano Real. Em tese, a âncora cambial valorizaria a moeda local rapidamente, barateando as importações e, assim, interrompendo a hiperinflação. Há quem defenda, porém, a dolarização. “A dolarização é a melhor política porque é a única que garante que a hiperinflação cesse. Todas as outras podem fracassar”, adverte Francisco Rodríguez, da consultoria Torino Capital, de Nova York.
O plano de Guaidó é promover na transição medidas como reforma tributária, reajuste do preço da gasolina e início da privatização de 3.000 empresas e propriedades que foram estatizadas durante os 20 anos de chavismo.