Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 4 de julho de 2017
Os presidentes de Rússia e China, Vladimir Putin e Xi Jinping, decidiram nesta terça-feira (4) promover uma iniciativa conjunta para solucionar o conflito coreano, que inclui o congelamento do programa armamentista da Coreia do Norte e das manobras militares de Estados Unidos e Coreia do Sul.
“A solução do problema na península coreana com o fim de garantir uma paz e estabilidade sólidas no nordeste da Ásia está entre as prioridades da política exterior comum”, disse Putin a jornalistas após se reunir com Xi no Kremlin.
Putin explicou que os dois países concordaram em impulsionar de maneira ativa “uma iniciativa comum, que tem como base o plano russo de recuperação do conflito coreano por etapas e a ideia chinesa de congelar paralelamente as atividades nucleares e de mísseis da Coreia do Norte e as manobras militares em grande escala de Estados Unidos e Coreia do Sul”.
Os ministérios de Relações Exteriores de Rússia e China também divulgaram um comunicado em que explicaram os detalhes do plano. Os dois países pedem à Coreia do Norte que anuncie de maneira voluntária “uma paralisação dos testes nucleares e de mísseis balísticos”.
“E (pedem) a EUA e Coreia do Sul que deixem de realizar manobras militares conjuntas em grande escala”, afirmaram as duas potências na nota, na qual expressaram rejeição ao uso da força e defenderam o princípio de “coexistência pacífica”.
Moscou e Pequim manifestaram sua “profunda preocupação com o anúncio da Coreia do Norte de 4 de julho sobre o lançamento de um míssil balístico”, que consideram um fato “inadmissível”, já que contradiz as resoluções do Conselho de Segurança da ONU.
Além disso, os dois países frisaram que a ativação do escudo antimísseis dos EUA no sudeste da Ásia “representa um grave prejuízo para os interesses de segurança estratégica dos países da região, incluindo Rússia e a China”.
A Coreia do Norte anunciou nesta terça-feira o lançamento do seu primeiro míssil balístico intercontinental, um marco no programa armamentista do regime comunista, embora a Rússia mantenha a alegação de que o foguete em questão era de alcance médio.
Além disso, segundo reportagem do jornal americano “The New York Times”, o presidente americano, Donald Trump, teria dito a Xi, na conversa telefônica dos dois na noite de domingo, que os EUA estão preparados para agirem sozinhos para pressionar a Coreia do Norte, se for necessário.
Citando fontes anônimas, o NYT diz ainda que Trump não espera que a China mude radicalmente sua abordagem sobre Pyongyang, avaliando que Pequim se preocupa mais em evitar revoltas internas do que com o programa nuclear e de mísseis do país vizinho.
Estados Unidos confirmam que míssil é intercontinental
Os Estados Unidos confirmaram que o míssil lançado nesta terça-feira pela Coreia do Norte era mesmo um míssil balístico intercontinental, informaram fontes do Comando do Pacífico das Forças Armadas americanas à rede Fox News.
O novo míssil voou por mais tempo do que qualquer outro de teste norte-coreano feito até hoje, totalizando 37 minutos, o que significa que o regime de Kim Jong-un teria capacidade de atingir o Alasca.
Esta é a primeira vez que o governo em Pyongyang consegue lançar um míssil com essas características. O Pentágono continua investigando a ação para dar uma análise mais detalhada do teste, o 11.º deste ano.
A Coreia do Norte informara que seu teste de míssil balístico intercontinental (ICBM) tinha sido um sucesso. De acordo com um boletim de notícias especial da emissora estatal norte-coreana, p lançamento “histórico” do míssil Hwasong-14 foi supervisionado pelo líder do país, Kim Jong-un.
O míssil alcançou uma altitude de 2.802 km e sobrevoou uma distância de 933 km, segundo a emissora. O Ministério de Defesa do Japão calculou que o míssil “alcançou uma altitude que superou 2,5 mil km, voou durante cerca de 40 minutos, percorreu 900 km e caiu no Mar do Japão (Mar do Leste)”.
Em uma reação ao lançamento, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse no Twitter: “Este cara não tem algo melhor para fazer com sua vida?”, em referência a Kim. “É difícil acreditar que Japão e Coreia do Sul vão suportar isto por muito mais tempo”, completou.
North Korea has just launched another missile. Does this guy have anything better to do with his life? Hard to believe that South Korea…..
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) July 4, 2017
….and Japan will put up with this much longer. Perhaps China will put a heavy move on North Korea and end this nonsense once and for all!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) July 4, 2017
Aliada histórica do regime norte-coreano, a China pediu “contenção” a todas as partes e esforços para superar de forma pacífica as tensões. O presidente chinês, Xi Jinping, que viajou na véspera a Moscou, concordou com o colega russo, Vladimir Putin, sobre a necessidade de “diálogo e negociação”, informou a agência de notícias estatal Xinhua.
Pyongyang justifica os programas com a ameaça representada pelos EUA, país que mantém 28 mil soldados em bases na Coreia do Sul.
A escalada de tensão, no Dia da Independência dos EUA, ocorre uma semana depois de um encontro de Trump com o presidente sul-coreano, Moon Jae-in. (AE)