Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 29 de abril de 2017
Sem a aprovação da reforma da Previdência, a trajetória insustentável da dívida pública brasileira levará o País a um ajuste severo, que pode levar a inflação a dois dígitos ou a medidas similares às adotadas no governo Collor, quando houve confisco de cadernetas de poupança. O alerta é de Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco e ex-diretor do Banco Central.
“Em economia, o que é insustentável acaba se ajustando. O ajuste pode ser ordenado, que é o que o governo está tentando fazer, ou desordenado, que é o que está acontecendo no Rio”, diz. Para ele, as mudanças feitas até agora na proposta original do presidente Michel Temer eliminaram parte do caráter equitativo da reforma, mas a versão mais diluída do projeto ainda mantém aspectos que garantiriam a estabilização da trajetória da dívida e a retomada da economia. A equipe de Mesquita espera crescimento de 1% do PIB neste ano e de 4% em 2018.
“O acontecimento econômico mais importante dos últimos meses é a redução da inflação. Como os salários são indexados à inflação passada, quando a inflação começa a cair mais rapidamente, há um ganho de poder de compra, e a confiança do consumidor melhora. A aceleração da queda da inflação teve impacto sobre as expectativas de inflação e as projeções do Banco Central, o que o permitiu acelerar o processo de redução dos juros, que, por sua vez, não só alivia os gastos financeiros de famílias e empresas como também contribui para sua maior confiança. Esse é o grande fator positivo”, explica.