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Mundo Uma estudante brasileira de medicina foi morta a tiros na Nicarágua

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Raynéia Gabrielle era pernambucana e estudava medicina no país. Ela planejava retornar ao Brasil em 2019. (Foto: Reprodução/Facebook)

A estudante brasileira Raynéia Gabrielle Lima, de 30 anos, foi morta na última segunda-feira (23) no Sul da capital da Nicarágua, onde cursava medicina. Segundo Ernesto Medina, reitor da UAM (Universidade Americana em Manágua), Raynéia morreu após ser atingida por tiros disparados por “um grupo de paramilitares”. A morte foi confirmada pelo Itamaraty nesta terça-feira (24).

Em declarações ao canal 12 da televisão local, o reitor afirmou que a estudante do sexto ano morreu com “um tiro no peito que afetou o coração, o diafragma e parte do fígado”.

Nesta terça, a Polícia Nacional negou a versão do reitor. “Um vigilante de segurança privada, em circunstâncias ainda não determinadas, realizou disparos com arma de fogo, um dos quais a impactou e causou ferimentos”, informou a Polícia Nacional, que não identificou o autor dos tiros.

O assassinato de Raynéia ocorre durante uma crise sociopolítica no país, com manifestações contra o presidente Daniel Ortega – que está no poder desde 2007 em meio a acusações de abuso e corrupção. De acordo com a Associação Nicaraguense de Direitos Humanos, mais de 350 pessoas já morreram, entre elas, muitos estudantes.

O secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Marcos Galvão, classificou a morte como uma “situação trágica “. Em nota, o Itamaraty afirmou que busca esclarecimentos junto o governo nicaraguense.

A ligação entre os apoiadores de Ortega e a violência pelo país foi apontada por Ernesto Medina, reitor da UAM. “As forças paramilitares sentem que têm carta branca, ninguém vai dizer nada a eles, ninguém vai fazer nada, eles andam sequestrando e fazendo batidas”, afirmou o reitor, de acordo com a agência EFE.

Perigo

Mãe de Raynéia, a aposentada Maria Costa afirma ter falado pela última vez com a filha na manhã da segunda (23). “Ela me disse que estava indo para o plantão e me dizia sempre que lá estava muito perigoso, que ninguém estava saindo na rua. Hoje de manhã, o ex-sogro me ligou dizendo o que tinha acontecido”, contou.

No país desde 2013, a pernambucana se preparava para voltar ao Brasil em 2019, segundo a mãe. “Ela tinha acabado a faculdade e estava fazendo residência. Estava indo para o plantão quando falou comigo, era uma moça estudiosa e esforçada”, lamentou a mãe.

“Tiraram da rua o carro em que ela estava quando foi baleada. Eu quero que quem matou a minha filha seja punido. Seja o presidente, seja quem for”, disse Maria Costa.

O pai de Raynéia, o motorista Ridevando Pereira, não mantinha tanto contato com a filha, mas sabia e aguardava a possível vinda da estudante para o Brasil em 2019. “Ela estava lá somente para estudar. Era uma menina muito estudiosa e estava terminando os estudos para voltar.”

Em nota, a UAM disse que a morte de Raynéia “deixa [a instituição] cheia de dor porque é consequência das difíceis circunstâncias vividas pela Nicarágua”. As bandeiras da UAM foram hasteadas a meio mastro como sinal “de luto e de dor”, afirma o texto.

A instituição disse, ainda, que foi uma “honra” ter Raynéia como aluna, e que “nunca a esquecerão”. “Por meio de sua profissão médica, ela sempre demonstrou entrega a seus semelhantes e um alto compromisso humanitário.”

Crise

A Nicarágua está imersa na crise mais sangrenta da história do país em tempos de paz e a mais forte desde a década de 1980, quando Ortega também foi presidente (1985-1990).

“A morte desta moça é um sinal do que está acontecendo na Nicarágua, contradiz o que Ortega disse (em entrevista à Fox News), que tudo está normal, mas é uma paz de mentira, há paramilitares por todos lados”, disse Ernesto Medina.

Horas antes da morte da brasileira, o reitor da universidade participou de um fórum onde afirmou que o crescimento econômico e a segurança na Nicarágua antes da explosão dos protestos contra Ortega em abril “era parte de uma farsa”, porque “nunca houve um plano que acabasse com a pobreza e a injustiça”.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos e o Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos responsabilizaram o governo da Nicarágua por “assassinatos, execuções extrajudiciais, maus-tratos, possíveis atos de tortura e prisões arbitrárias”.

Os protestos contra Ortega e sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo, começaram no dia 18 de abril devido um decreto que regulamentava a reforma da Previdência Social. O governo desistiu da reforma, mas os manifestantes continuaram protestando contra a violência da repressão.

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https://www.osul.com.br/uma-estudante-brasileira-de-medicina-foi-morta-a-tiros-na-nicaragua/ Uma estudante brasileira de medicina foi morta a tiros na Nicarágua 2018-07-24
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