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Por Redação O Sul | 28 de dezembro de 2017
Uma pesquisa realizada pela Sboc (Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica) constatou que o brasileiro tem um conhecimento razoável sobre o câncer, sabendo identificar alguns sintomas e fatores de risco, principalmente os de mama e de próstata. Dentre os 1,5 mil entrevistados em todo o País, 40% disseram ter conhecimento mediano sobre a doença e 26% afirmaram entender profundamente o assunto.
“As perguntas seguintes mostraram que as pessoas que disseram saber sobre o câncer, de fato tinham um conhecimento maior. Apesar disso, identificamos algumas lacunas no conhecimento da população que ainda precisam ser preenchidas”, afirma o diretor de comunicação da Sboc, Claúdio Ferrari.
Mesmo apontando o cigarro como um dos principais vilões (93%), a maioria dos entrevistados não conseguiu associar o sobrepeso (27%) e doenças sexualmente transmissíveis (26%) como possíveis causadores da doença. Além disso, os participantes mostraram desconhecer os cânceres de intestino e de colo do útero (veja informações sobre eles abaixo), que têm grande incidência sobre a população brasileira.
“No câncer é fundamental ter o diagnóstico precoce. Para que isso aconteça é preciso que as pessoas saibam identificar os sintomas e façam os exames preventivos, como a colonoscopia e o papanicolau”, exemplifica Ferrari. De acordo com o levantamento, os brasileiros em geral têm um entendimento adequado sobre como evitar o câncer, mas ainda há resistência na hora de adotar todas as medidas importantes para uma vida saudável.
Medo
Em outubro, a mesma pesquisa da Sboc concluiu que 41% dos brasileiros tem muito medo de ter câncer. Mas, apesar dessa preocupação (ou até mesmo por conta dela), 24% da população não faz exames preventivos. Para Ferrari, os temores não têm sido suficientes para mudar os hábitos de vida das pessoas: “O que faz mudar é o ganho de bem-estar ao passar a se alimentar melhor ou praticar uma atividade física, por exemplo”.
Os resultados apontam motivos variados: não ter plano de saúde, falta de tempo, receio de descobrir a doença. Homens costumam se cuidar menos do que as mulheres. E, ainda segundo a pesquisa, 50% dos entrevistados não praticam exercícios físicos e uma grande parcela também não associa doenças sexualmente transmissíveis ao câncer.
Na avaliação do presidente da Sboc, Sergio Simon, muitos pacientes acreditam em “chazinhos curativos”, o que atrasa tratamentos. “A desinformação de pacientes sobre a doença não é uma característica exclusivamente brasileira”, ressalva. Ainda segundo ele, é difícil fazer com que as pessoas entendam que tratamentos alternativos, como a fosfoetanolamina (conhecida popularmente como “pílula do câncer”), não têm ação significativa sobre a doença e não podem ser usados como primeira opção.
Simon ressalta, ainda, que vários médicos ainda não têm conhecimento suficiente sobre o câncer, que a partir de 2030 será o maior responsável por mortes no Brasil. “Então, ainda precisamos aumentar muito o número de oncologistas no País. Temos pouco mais de 2 mil profissionais para cuidar de 200 milhões de pessoas. É pouco”, avalia.
Ele acrescenta que, como a população está vivendo mais tempo e a incidência de vários tipos de câncer tem aumentado, o Brasil ainda precisa treinar e certificar um grande número de profissionais.