Domingo, 23 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 23 de novembro de 2025
A sala onde Jair Bolsonaro é mantido na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Brasília tem cerca de 12 metros-quadrados, cama de solteiro, ar-condicionado e frigobar. Destinado a indivíduos sob custódia pela corporação, o espaço foi preparado para receber o ex-presidente, após a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes pela prisão preventiva, levando em conta o risco de fuga e a violação da tornozeleira eletrônica durante o regime domiciliar.
O magistrado também citou a vigília convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) para o condomínio onde o pai reside em Brasília. A prisão, na manhã de sábado (22), não está relacionada à condenação na trama golpista – ação que ainda não transitou em julgado, ou seja, não teve esgotados todas as possibilidades de recurso.
Recentemente, a sala na PF passou por uma reforma que já levava em conta a possibilidade de Jair Bolsonaro ser preso em função dos processos a que responde. O ambiente passou a contar com banheiro privado, cama, cadeira, armário, escrivaninha, televisão, frigobar e ar-condicionado.
As características se parecem com as do espaço onde ficou detido o então ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na Superintendência da PF em Curitiba (PR), de abril de 2018 a novembro de 2019. Na época, o petista cumpria pena de 12 anos por condenação no caso do apartamento triplex do Guarujá (SP), no âmbito de um processo posteriormente anulado pelo STF.
A legislação brasileira prevê que autoridades com prerrogativa de função, como ex-presidentes, tenham direito a espaço compatível com a chamada “Sala de Estado-Maior”. O objetivo é assegurar condições dignas e evitar riscos à integridade física do preso.
O ex-presidente foi condenado a 27 anos e 3 meses por tentativa de golpe após a eleição presidencial de 2022 e cumpria prisão domiciliar preventiva, na capital federal, desde agosto.
Temer
Outro ex-presidente que passou quatro dias em uma cela na PF foi Michel Temer (que governou o País entre agosto de 2016 até o final de 2018), na Superintendência do Rio de Janeiro. Temer foi preso pela 2ª vez em 9 de maio de 2019, acusado de corrupção e lavagem de dinheiro.
O pedido de prisão veio da “Lava-Jato” no Rio, por isso ele deveria ter ido para uma cela no Estado fluminense. Porém, a defesa pediu que ele permanecesse em São Paulo, sob o argumento de que o ex-presidente morava com a família na capital paulista.
Temer passou alguns dias em uma sala improvisada na sede da PF em São Paulo até ser transferido para o CP Choque (Comando de Policiamento de Choque) da Polícia Militar, localizado na região central da cidade e com cela especial para autoridades. Ele deixou a prisão, sendo autorizado a voltar para casa no dia 15 de maio.
Collor
Fernando Collor de Mello (chefe do Executivo nacional de março de 1990 a setembro de 1992) foi condenado pelo STF a quase nove anos de prisão pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Em 2023, ele foi levado ao presídio Baldomero Cavalcanti, em Maceió (AL), onde a sala do diretor foi desocupada para acomodá-lo.
Na ocasião, a direção da unidade avaliou que a sala era o único espaço capaz de atender às necessidades de saúde de Collor, conforme determinação da Justiça, sem a necessidade de reformas. O local, situado no corredor administrativo, era maior que as celas comuns e possuía ar-condicionado, banheiro privativo, ao passo que o presídio contava com enfermaria, parlatório para encontros com advogados, espaço para celebrações religiosas e um abrigo destinado a familiares no aguardo do horário de visita.
Mas um relatório mostrava que o presídio tinha superlotação e condições “péssimas”. Em 1º de maio de 2025, Collor foi autorizado a cumprir a pena em prisão domiciliar. Ele mora em uma cobertura de luxo à beira-mar no bairro Jatiúca, em Maceió. O ex-presidente usa tornozeleira eletrônica, tem o passaporte suspenso e saídas permitidas apenas por motivos de saúde. (com informações do portal G1)