Sexta-feira, 13 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 20 de maio de 2016
Controlar o vício de crianças cada vez mais jovens em celulares e em tablets tem sido uma forte preocupação dos pais. Um estudo do oftalmologista Leôncio Queiroz Neto observou 360 crianças, de 6 a 9 anos, que usavam o computador por até seis horas ininterruptas e trouxe um alerta: 21% delas apresentaram dificuldade de enxergar a longa distância, número bem acima dos 12% apontados pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia.
O problema se agrava ao analisar a rápida ascensão dos smartphones, que, de acordo com uma pesquisa recente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), já ultrapassam os computadores em território nacional. Dos 36,8 milhões de lares que participaram do levantamento, 80,4% utilizam o dispositivo. Isso inclui outros problemas de visão, como a fadiga visual, e gera consequências mais indiretas, como a perda do sono, que não se limitam às crianças. Queiroz Neto recomenda evitar o uso noturno de qualquer tipo de mídia, porque a luz azul delas prejudica a produção de melatonina, hormônio responsável pelo sono.
A psiquiatria também estuda essa questão. André Brasil, da Associação Brasileira de Psiquiatria, ressalta que os adultos também são prejudicados por esse vício das sociedades urbanas. De acordo com ele, o ser humano tem tendência à solidão e ao isolamento, e a internet surge como uma válvula de escape para os mais tímidos. Brasil traça uma analogia entre o vício em jogos e em drogas. Em ambos os casos, diz, há o prazer instantâneo, que, se for tirado do usuário, provoca abstinência.
Prejuízo à motricidade.
Em meio a isso tudo, há mães que já estão preocupadas com o futuro dos filhos pequenos. A fisioterapeuta Júlia Novaes, mãe do pequeno Gabriel, de 1 ano, acha difícil a criança não ter interesse em tecnologia enquanto os pais estão mexendo o tempo todo no celular. Para ela, o principal problema que o uso excessivo pode acarretar para o crescimento das crianças é um mau desenvolvimento da motricidade. “Elas ficam muito paradas”, lamenta.
A coordenadora educacional Elizabeth Soto comenta que as tecnologias devem ser usadas como ferramentas, não como fins. “Não negamos o avanço, mas não enfatizamos a brincadeira de computador. A escola tem que primar pelo desenvolvimento físico e intelectual”, opina. (AD)