Sexta-feira, 19 de abril de 2024

Porto Alegre

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Geral 350 mil brasileiros já estão morando na Flórida. Sem contar aqueles que estão lá irregularmente

Compartilhe esta notícia:

Desde 2014, com o início da crise, 100 mil brasileiros se mudaram para a Flórida, assumindo outro padrão de vida e de comportamento. (Crédito: Reprodução)

Em 13 de março, as manifestações a favor do impeachment da presidenta Dilma Rousseff pelo Brasil foram transmitidas ao vivo em uma pastelaria em Pompano, a 55 quilômetros de Miami, no Estado americano da Flórida. A clientela, toda brasileira, conversava distraída sem quase olhar para a TV, enquanto pedia empadas, pamonha e guaraná.

“Sinto alívio de não estar no Brasil”, desabafou a gerente, Camila, 27 anos. “A coisa lá está feia.” A vida na Flórida lembra o Brasil. Além de semelhanças climáticas, pode-se ter acesso a quase todo tipo de serviço e produto nacional sem falar uma só palavra em inglês. Há, porém, uma diferença. A crise, ali, passa ao largo. Enquanto o País vive uma montanha-russa, brasileiros nos Estados Unidos toleram qualquer sufoco, desde que não tenham de regressar à terra natal.

A partir de 2014, com a crise, 100 mil brasileiros se mudaram para a Flórida e hoje mais de 350 mil moram no Estado americano, segundo o consulado em Miami, que não computa os imigrantes sem visto. Com isso, formou-se um emaranhado que replica a divisão socioeconômica do País. Fora a aversão ao cotidiano no Brasil, esses imigrantes se sentem “valorizados” nos EUA, na palavra repetida por mais de dez pessoas à reportagem. A garçonete Amanda Santana, 26, é uma delas.

Mudou-se para Miami há quatro anos com visto de turista, que expirou em seis meses. Por três anos, privou-se de ver a família. Se visitasse o Rio de Janeiro, seria vetada na volta. “O que eu mais amo na vida é morar aqui”, sorri. Suportou assédio moral, abriu mão da faculdade e vive com 1,5 mil dólares por mês, contados.

O advogado tributarista Julio Barbosa, que mora em Miami, diz que as consultas para mudança de residência fiscal dispararam. Um exemplo ilustra o desespero de alguns. Uma família brasileira pôs à venda uma empresa de logística, disposta a aceitar ofertas inferiores ao valor de mercado, avaliada em alguns milhões de reais. A ideia é abrir qualquer negócio nos EUA, desde que viabilize a mudança o mais rápido possível. “Isso mostra que tem alguma coisa errada”, diz Barbosa.

Mudança drástica.

No fim do ano passado, o empresário Wilton Colle, 48, demitiu 400 funcionários de sua fábrica de suplementos alimentares em Goiás, e se mudou para Boca Raton (a 70 quilômetros de Miami).

Na Flórida, ele tem duas casas, cinco carros e gasta 50 mil dólares por mês para viver com a mulher, três filhos e a babá que trouxe do Brasil. “E avisa aí, a Receita Federal, que comprei tudo com dinheiro feito aqui”, ressalta. Colle transferiu a sede depois de 25 anos no Brasil, indignado com o que considera um sistema tributário “injusto e burro”, que “estupra e mata” as empresas.

“Desculpa o termo, mas é verdade. Prefiro pagar imposto aqui. É muito mais justo”, diz. “Claro que a gente sofre de ver a nossa nação nesse estado calamitoso, mas recomendo a quem puder, rico ou pobre, se dentro da lei, que venha.” Sua mulher, Jelly, 34, mudou o estilo de vida. Passou a cuidar da casa, fazer comida para o filho de 3 anos. O filho de 13 anos agora arruma o quarto. “A gente tinha mais mordomias. Três empregados, motorista, babá, faziam tudo para a gente”, lembra. As casas onde moraram eram confortáveis, mas a família tinha medo de sair. “Aqui, temos o luxo da liberdade”, afirma o empresário.

O medo da violência e a falta de perspectivas motivaram o ex-reitor da USP (Universidade de São Paulo) Roberto Lobo e a mulher, a psicóloga Beatriz, a deixarem o Brasil em 2016. A documentação não foi empecilho para eles, uma vez que o visto para pessoas de “habilidade extraordinária” chegou em meses. O casal fechou sua consultoria de gestão universitária depois de 15 anos, vendo os clientes rarearem. Trocou o reconhecimento e uma casa espaçosa em São Paulo, por um apartamento alugado mobiliado em frente à praia e um futuro em aberto.

“O Brasil não consegue mais atrair gente qualificada no longo prazo”, disse Lobo. “É uma tristeza.” (Folhapress)

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Geral

A corrida eleitoral ficou ainda mais incerta após a condenação de Lula
Acordo garante circulação dos ônibus da empresa Nortran nesta tarde, após paralisação de trabalhadores
https://www.osul.com.br/350-mil-brasileiros-ja-estao-morando-na-florida-sem-contar-aqueles-que-estao-la-irregularmente/ 350 mil brasileiros já estão morando na Flórida. Sem contar aqueles que estão lá irregularmente 2016-03-31
Deixe seu comentário
Pode te interessar