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Por Redação O Sul | 2 de setembro de 2016
As altas taxas de desemprego e a inflação colocaram os trabalhadores brasileiros em forte desvantagem para negociar seus reajustes salariais no primeiro semestre deste ano. Quase 40% das negociações coletivas resultaram em reajustes abaixo da inflação, segundo levantamento do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
Como base de comparação, no fim do primeiro semestre de 2014, quando a crise ainda não havia impactado com força o mercado de trabalho, era de apenas 3% a média dos reajustes que ficavam inferiores ao INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). No ano passado, o índice havia subido para 15%. No acumulado dos últimos 12 meses até julho, o INPC acumula avanço de 9,56% em 12 meses.
O volume de negociações que resultaram em ganhos reais para os trabalhadores, por sua vez, caiu. Só 24% conseguiram elevar o poder aquisitivo de seus salários e 37% empataram as correções com a inflação.
A variação real média dos reajustes no primeiro semestre ficou 0,5% abaixo da inflação. Trata-se do pior desempenho das negociações desde o primeiro semestre de 2003, segundo o Dieese. José Silvestre, coordenador da entidade, afirma que em 2015 já havia sinais da trajetória negativa, mas as dificuldades agora se aprofundam.
O acompanhamento realizado pelo Dieese com mais de 300 unidades de negociação da indústria, do comércio e dos serviços mostra que, entre 2012 e o início de 2015, preservou-se uma regularidade no comportamento das negociações salariais, com um prevalência das correções acima do INPC e raros casos de reajustes inferiores.
A partir de fevereiro de 2015, a proporção de reajustes inferiores ou empatados com a inflação começou a subir, enquanto os ganhos reais diminuíram. O setor de serviços teve a maior proporção de reajustes abaixo do INPC (44%). Na indústria (33%) e no comércio (39%), o volume de perdas reais foi menor. (Folhapress)