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60 ANOS DE UMA CRISE POLÍTICA

Presidente Nereu Ramos

 

A 11 de novembro de 1955, o catarinense Nereu Ramos assumiu a Presidência da República. Foi o ponto final de uma crise política, que completa 60 anos, e se iniciou com o pedido de licença do presidente Café Filho, alegando motivo de saúde, a 8 de novembro de 1955. Café tinha sido eleito vice-presidente em 1950 e chegou ao poder com o suicídio de Getúlio Vargas, a 24 de agosto de 1954.

Para suceder Café, tomou posse Carlos Luz, presidente da Câmara dos Deputados, sobre quem recaíam dúvidas por ter vínculos com lideranças golpistas. Caberia a ele garantir a entrega da faixa presidencial a Juscelino Kubitschek, eleito a 3 de outubro de 1955 com 36 por cento dos votos e que deveria assumir a 31 de janeiro de 1956. Juscelino, do Partido Social Democrático, tinha como vice João Goulart, do Partido Trabalhista Brasileiro, visto com profundas restrições pela União Democrática Nacional e por parte dos militares. As alegações dos golpistas eram de que a chapa deveria ter alcançado maioria absoluta (metade mais um), o que não constava em nenhum texto de lei, além de fraude nas urnas e apoio do Partido Comunista Brasileiro, que estava na clandestinidade.

Luz acabou deposto e se abrigou no navio de guerra Tamandaré. A 11 de novembro, os fortes do Leme e de Copacabana, no Rio de Janeiro, abriram fogo contra o navio. A população, desesperada com os estrondos, estendeu lençóis brancos nas sacadas dos edifícios da Avenida Atlântica. Nenhum disparo acertou o cruzador e o navio não revidou.

O Tamandaré escapou porque conseguiu emparelhar com um cargueiro que deixava a Baía de Guanabara e se escudou dos tiros. Luz, acompanhado de mais de mil militares, navegou rumo a Santos, para organizar um governo de resistência, que não se sustentou.

Carlos Luz foi substituído pelo presidente do Senado, Nereu Ramos, que concluiu o mandato que pertencia a Getúlio. A 31 de janeiro de 1956, transmitiu a faixa presidencial a Juscelino. A democracia foi preservada sem o derramamento de sangue.

A União Democrática Nacional e os militares voltariam à cena em 1964.

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