Nesta quinta-feira, vão se completar 70 anos da deposição do presidente da República, Getúlio Vargas, pelo Alto Comando do Exército. A 29 de outubro de 1945, Vargas declarou publicamente que concordava com a decisão. Pediu apenas o prazo de 48 horas para se retirar do Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, indo para São Borja.
A 30 de outubro, José Linhares, presidente do Supremo Tribunal Federal, assumiu o comando do País para transmiti-lo a 31 de janeiro de 1946 ao candidato vitorioso nas eleições, o general Eurico Gaspar Dutra.
Vargas tinha chegado à Presidência da República a 3 de novembro de 1930, após o movimento político e militar iniciado em Porto Alegre, que expressou inconformidade com o resultado das urnas, apontando Júlio Prestes como sucessor de Washington Luís.
Os 15 anos de poder dividiram-se em três fases: de 1930 a 1934, Vargas foi chefe do Governo Provisório; de 1934 até 1937, presidente eleito pela Assembleia Nacional Constituinte; e de 1937 a 1945, ditador durante o Estado Novo, imposto após golpe de estado.
O Manifesto dos Mineiros, documento de 1943, marcou o início da oposição aberta ao Estado Novo, criticando o regime ditatorial. Assinado por 76 políticos, intelectuais e empresários de Minas Gerais, exigia a redemocratização.
A tensão política se manteve em 1944, tornando difícil para o governo conservar unida a sua base de sustentação no momento em que se abria a possibilidade de retorno ao regime democrático.
Vargas se manteve auto-exilado em São Borja até a campanha presidencial do Partido Trabalhista Brasileiro em 1950. A 3 de outubro daquele ano, com 48,7 por cento dos votos, derrotou Eduardo Gomes e Cristiano Machado, retornando ao Palácio do Catete a 31 de janeiro de 1951.