Quarta-feira, 18 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 12 de setembro de 2020
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou na sexta-feira (11) que qualquer tentativa de intervenção do governo sobre o preço de alimentos será um desastre. “Qualquer intervenção nos preços como no passado (…) será um desastre, se esse for o caminho do governo, que, de alguma forma, foi o caminho sinalizado pelo Ministério da Justiça”, afirmou o deputado, segundo informações do portal de notícias G1.
Na quarta-feira, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), órgão do Ministério da Justiça, encaminhou uma notificação para dez empresas e associações do ramo de produção de alimentos e 21 redes de distribuição prestarem esclarecimentos sobre a escalada de preços de alguns alimentos que compõem a cesta básica do brasileiro, como arroz, feijão, leite e óleo de soja.
O presidente Jair Bolsonaro afirmou, durante transmissão em redes sociais, que autorizou a medida tomada pela Senacon. O Ministério da Economia questionou a movimentação feita pelo órgão do Ministério da Justiça.
Maia, que esteve na capital paulista no final da manhã de sexta-feira, afirmou que a sinalização de movimentos que culmine com medidas como congelamento de preço ou pressão sobre supermercado é muito negativa. O deputado defende, entretanto, que outras medidas de curto prazo podem ter impacto importante sobre o preço de alguns produtos.
A Câmara de Comércio Exterior (Camex) retirou, na última quarta-feira, a tarifa de importação do arroz até o fim do ano. Até 400 mil toneladas do produto poderão entrar no Brasil sem pagar a tarifa de até 12%. O produto importado, porém, representa apenas 10% do que é consumido pelo brasileiro.
O governo também estuda tomar a mesma medida com a soja. A ideia é aumentar a oferta no mercado doméstico, o que contribuiria para reduzir o preço.
Mas, segundo especialistas, com o dólar alto, o produto importado ainda chegaria aqui com preço elevado. O cenário cambial também estimula produtores brasileiros a exportarem soja.
No caso da soja, a avaliação é que a forte concentração das exportações para o mercado chinês poderá prejudicar as indústrias de óleo de soja e derivados do produto, também usado como ração animal. Os EUA poderiam fornecer o produto ao Brasil temporariamente com o imposto menor. Hoje, já se importa soja paraguaia.
Além do óleo de soja, o farelo é usado como ração animal e seu preço influencia no valor final de carnes suínas e bovinas. E vários alimentos processados, como maioneses e achocolatados, usam derivados da leguminosa na sua produção. As informações são do jornal O Globo.