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Mundo Donald Trump perde apoio entre eleitores com mais de 65 anos e sua campanha entra em modo de alerta

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Chance de Trump (D) e Biden conquistarem 269 delegados, cada, é remota, mas não improvável. (Foto: Reprodução)

A menos de um mês do fechamento das urnas nos Estados Unidos, em desvantagem nas pesquisas e impedido de fazer atos presenciais de campanha por estar infectado com o novo coronavírus, o presidente Donald Trump entrou na reta final para a votação com muitos problemas, um cenário que poucos poderiam imaginar no começo do ano, antes da pandemia e dos seus efeitos.

Um sinal — mais um — surgiu com pesquisa nacional do instituto Rasmussen, visto como republicano, mostrando vantagem de 12 pontos percentuais do candidato democrata, Joe Biden, a mais alta desde o início da corrida. Um dos fatores que, segundo analistas, ajuda a explicar tal diferença é o voto da geração baby boom, que está se inclinando para o lado do democrata.

Ao serem confrontados com os números, assessores do presidente lembram da eleição de 2016, quando os próprios institutos de pesquisas reconheceram terem errado. Mas há algumas evidências preocupantes para os republicanos que vão além de projeções para o resultado final.

Há quatro anos, Trump venceu Hillary Clinton com vantagem de nove pontos percentuais entre os eleitores com mais de 65 anos, um grupo que historicamente é o que mais comparece às urnas — em 2016, por exemplo, mais de 75% deles votaram, bem acima de outras faixas etárias. Já em 2020, o cenário parece ser bem diferente, e Trump está em substancial desvantagem entre os chamados baby boomers, a geração nascida entre 1946 e 1964 na qual ele próprio se encaixa.

Pesquisas mostram que os eleitores mais idosos parecem mais inclinados a votar em Joe Biden, de 77 anos. Na terça-feira (6), a CNN apontou que o democrata tinha 60% das intenções de voto nessa faixa etária, enquanto Trump aparece com 39%. No fim de semana, pesquisa NBC/Wall Street Journal mostrava uma margem maior: 62% a 35%.

Mesmo nas pesquisas estaduais, o ex-vice-presidente aparece em posição confortável, à frente em Estados vencidos por Trump em 2016, como Pensilvânia, Michigan, Wisconsin e até o Arizona, que nos últimos 70 anos votou apenas em um democrata, Bill Clinton, em 1992.

Apesar da insatisfação com a maneira como Trump lidou com a covid-19, uma doença que vitimou muitas pessoas com mais de 65 anos, as raízes para essa mudança são mais profundas e anteriores à pandemia.

Um motivo, como aponta o Washington Post, é a percepção da imagem de Biden, visto como mais conservador do que Hillary Clinton, candidata em 2016. O fato de Biden ser homem também acabou pesando, segundo o jornal. Ella Nielsen, do site Vox, aponta que o estilo caótico do presidente não é atrativo a eleitores que foram governados por líderes um pouco mais “presidenciais”.

“Eleitores mais idosos são os mais preocupados com a forma como Trump se comporta como presidente”, afirmou ao site Slate o estrategista democrata Tad Devine. “Acho que há um fator de conforto com Biden que talvez não tivessem com Hillary.”

Ainda na questão do discurso, Clare Malone, do site Fivethirtyeight, lembra que, muito embora alguns dos eleitores mais idosos e conservadores tenham as mesmas opiniões de Trump em temas como o racismo, a forma como o presidente se refere a esses temas os incomoda.

Mas a pandemia de covid-19 também entra na equação. Com o país abalado por mais de 210 mil mortes — a maior quantidade de vítimas fatais no planeta — muitos americanos de maior idade acreditam que outras nações lidaram melhor com o coronavírus do que os Estados Unidos e põem a conta disso no colo de Trump. Do total de mortes, 150 mil ocorreram entre a população acima de 65 anos, constituindo uma preocupação real para pessoas dessa faixa etária.

Poucos Estados nos EUA simbolizam tão bem essa corrosão no apoio de Trump entre os mais idosos do que a Flórida, vencida por ele em 2016 e considerada indispensável hoje. Nas pesquisas mais recentes, Biden abriu vantagem de 4,6 pontos percentuais no Estado, de acordo com a média elaborada pelo site Real Clear Politics. Um levantamento da Universidade Quinnipiac indica que o democrata está 11 pontos percentuais à frente.

O que faz a Flórida diferente é a quantidade de eleitores com mais idade: em 2016, informa a AARP, organização focada no bem estar de americanos com mais de 50 anos, essa faixa etária respondeu por 57% dos os votos do Estado.

Segundo pesquisa divulgada pelo grupo há duas semanas, Trump ainda aparece na frente entre esses eleitores, 50% a 45%. O problema é que ele venceu nessa faixa etária, em 2016, com 17 pontos percentuais em relação a Hillary. Na contagem final, ficou 1,2 ponto percentual à frente.

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