Sexta-feira, 02 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 18 de junho de 2021
Em meio à pandemia, Ministério das Comunicações quer levar ao ar fatos 'leves' e combater 'narrativas erradas'; atração vai se chamar 'Bom de Ver'.
Foto: Alan Santos/PRA TV Brasil, canal público de televisão ligado ao Ministério das Comunicações, planeja incluir na sua grade de programação um telejornal que irá exibir apenas “boas notícias”. No momento em que o País se aproxima da marca de 500 mil mortes por covid-19, a ideia será levar ao ar apenas fatos considerados “leves” sobre temas como saúde, comportamento e entretenimento.
A atração tem sido negociada diretamente pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria, com a diretora de jornalismo da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), estatal responsável pela TV, Sirlei Batista. Ainda não há data para estreia.
O presidente Jair Bolsonaro e seus auxiliares são críticos da cobertura da imprensa sobre a pandemia e costumam usar as redes sociais oficiais para defender o que chama de “feitos” do seu governo. Um dos ministros mais próximos do presidente, o ministro da Casa Civil, general Luiz Eduardo Ramos, costuma reclamar que “só tem caixão” na TV. “No jornal da manhã é caixão, corpo; na hora do almoço, é caixão novamente. No jornal da noite é caixão, corpo e número de mortos”, disse Ramos em entrevista no Palácio do Planalto no ano passado.
O nome do telejornal de “boas notícias” já está definido: “Bom de Ver”. As gravações do piloto, espécie de versão de teste, já foram feitas. A exibição será ancorada pelos jornalistas Katiuscia Neri, que hoje apresenta o Repórter Brasil, principal telejornal da emissora, e Tiago Bittencourt.
Nesta semana, Faria defendeu o uso da TV pública para combater “narrativas equivocadas”. O discurso foi feito durante sanção de medida provisória que reduz encargos de serviços via satélite e facilita o acesso em áreas rurais. “No fim da linha, presidente, é onde sua voz chega”, afirmou o ministro, dirigindo-se a Bolsonaro.
Depois, olhando para donos de TV e rádio presentes ao local, afirmou: “Tenho certeza que todos vocês, a partir de agora, vão conseguir atingir mais a voz que é necessária chegar nos lugares onde até hoje chegam informações equivocadas e narrativas erradas”.
“Que a verdade possa chegar onde o povo quer ouvir. A gente, infelizmente, muitas vezes, é obrigado a ficar combatendo fake news, perdendo tempo, deixando de trabalhar, deixando de fazer os nossos deveres aqui para desmistificar as notícias enganosas. Vamos levar a verdadeira comunicação para o restante do País”, completou.
Na última terça (15), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) pediu ao Ministério Público Federal que investigue o uso do canal público para divulgação pessoal do presidente. O motivo foi a transmissão de um culto religioso, no último dia 9, que teve a participação de Bolsonaro. Para a entidade, a veiculação representou um atentado à Constituição Federal, que, em seu artigo 37, proíbe a promoção pessoal.