Terça-feira, 06 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 9 de agosto de 2021
Um grupo de cientistas das Universidades Harvard e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) divulgou uma plataforma de testes de covid-19 capazes de separar diferentes variantes do vírus de maneira mais rápida, mais fácil de transportar e mais barata.
Os exames diagnósticos capazes de separar diferentes variantes do novo coronavírus em amostras de pacientes infectados tipicamente requerem sequenciamento genético, o que requer transporte de amostras até laboratórios que possuem grandes máquinas, lentas e com alto custo de operação.
Num estudo publicado na última sexta-feira na revista “Science Advances”, porém, os pesquisadores apresentaram uma plataforma de teste de saliva que pode ser montada por uma impressora 3D ao custo de US$ 15, capaz de executar testes para variantes do Sars-CoV-2 ao preço de US$ 6 a unidade.
Os cientistas ainda não detalharam como a tecnologia será licenciada, mas afirmam que a ideia é tê-la colocada à disposição do maior número possível de centros de monitoramento dentro e fora dos EUA, para que o espalhamento das variantes de preocupação da covid-19 seja bem mapeado.
Liderados pela engenheira Helena de Puig, os pesquisadores descrevem no estudo a motivação para criar a nova plataforma de testagem, batizada com o acrônimo miSHERLOCK (Minimally Instrumented Specific High-Sensitivity Enzymatic Reporter Unlocking).
“A pandemia de Covid-19 acentuou a necessidade de diagnósticos que pudessem ser rapidamente adaptados e empregados em diferentes situações. Diversas variantes do Sars-CoV-2 mostraram efeitos preocupantes sobre eficácia de vacinas e tratamentos, mas nenhum teste portátil permitia a identificação delas”, escrevem De Puig e sua equipe no artigo publicado pela “Science Advances”.
Para criar o teste, os cientistas usaram o método CRISPR para manipulação genética, invenção que ganhou o Prêmio Nobel de Medicina de 2019. A tecnologia confere grande precisão à identificação de mutações em trechos específicos de RNA (o material genético do vírus) que caracterizam cada uma das variantes da covid-19.
No estudo, os pesquisadores mostram que a plataforma foi capaz de identificar corretamente as variantes Alfa, Beta e Gama do coronavírus (originalmente detectadas no Reino Unido, na África do Sul e no Brasil). Todas elas demonstraram ser mais contagiosas que a cepa de coronavírus que emergiu em 2019 na China. Cientistas dizem já estar trabalhando para que o teste inclua também a capacidade de diferenciar a variante Delta (encontrada inicialmente na Índia), aquela que mais preocupa autoridades sanitárias no mundo hoje.
O diagnóstico ocorre por meio de reagentes químicos que respondem à presença de cada uma dessas cepas de vírus na amostra. Quando uma variante está presente, a ampola com a amostra adquire uma cor luminescente. Para interpretar o resultado, os cientistas criaram um aplicativo de celular que interpreta a coloração do exame com a câmera, dispensando o uso de maquinário específico.
Segundo os cientistas, uma amostra de saliva pode ser processada em pouco mais de uma hora. No teste realizado no estudo, as variantes de covid-19 foram identificadas corretamente em 96% das amostras. As informações são do jornal O Globo.