Sábado, 05 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 18 de março de 2022
O presidente da República, Jair Bolsonaro, participou nesta sexta-feira (18) da cerimônia de entrega da Medalha do Mérito Indigenista. Ele foi um dos 26 agraciados com a insígnia, ofertada a pessoas que prestaram “relevantes trabalhos em favor dos povos indígenas”.
Pouco antes da cerimônia, Bolsonaro, que foi presenteado com um cocar, posou para fotos com alguns indígenas presentes no evento, acompanhado do ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres. “É um evento ímpar, me sinto muito feliz com este cocar graciosamente me ofertado”, disse.
Ao discursar, o presidente lembrou que indígenas e não indígenas são iguais. “O que sempre quisemos foi fazer com que vocês se sentissem exatamente como nós”, disse. “Queremos que vocês façam em suas terras exatamente o que nós fazemos na nossa”, afirmou Bolsonaro.
Durante a cerimônia, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, rebateu críticas à atuação do governo na defesa e na promoção de direitos dos povos indígenas. Torres citou ainda diversas operações realizadas por órgãos de controle, como a Polícia Federal, em terras indígenas.
“É leviano quem diz que haver nesse governo desmonte das ações para assegurar direito dos povos indígenas”, disse o ministro, que afirmou que, em 2021, a Polícia Federal realizou operações contra o garimpo ilegal, o desmatamento, as queimadas e a invasão de terras indígenas.
Além do presidente, receberam a medalha os ministros do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno; da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Eduardo Ramos; da Defesa, Braga Netto; da Agricultura, Tereza Cristina; Da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves; e da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, além do advogado-geral da União, Bruno Leal, do presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Xavier, e de servidores de outros órgãos.
Condecoração é contestada
A escolha de Bolsonaro para receber a medalha não foi bem recebida entre entidades e associações representativas dos povos indígenas.
No dia em que saiu a condecoração no Diário Oficial da União, a líder indígena Sônia Guajajara, coordenadora-executiva da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), afirmou que a homenagem a Bolsonaro é uma afronta.
“É claro que é uma afronta total ao movimento indígena, ao ato pela terra, a tudo que a gente está fazendo para contrapor todas essas maldades desse governo”, afirmou Guajajara.
Ela disse também que a Apib vai contestar a condecoração na Justiça.
A condecoração a Bolsonaro fez com que Sydney Ferreira Possuelo, ex-presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai) e ativista, devolvesse sua medalha do mérito indigenista recebida há 35 anos.
Possuelo, reconhecido indigenista, afirmou que Bolsonaro ofendeu “crença”, “desejos” e “memória” de marechal Rondon e “por extensão o Exército Brasileiro”.
“Quando deputado federal, o senhor Jair Bolsonaro, em breve e leviana manifestação na Câmara dos Deputados, afirmou que: ‘A cavalaria brasileira foi muito incompetente. Competente, sim, foi a cavalaria norte-americana que dizimou seus índios no passado e hoje em dia não tem esse problema no país’”, relatou Possuelo no documento, endereçado ao ministro Anderson Torres. As informações são da Agência Brasil e do portal de notícias G1.