Terça-feira, 26 de agosto de 2025
Por Redação O Sul | 7 de julho de 2022
Em discurso a apoiadores, o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (7) que as sanções econômicas impostas pelos países do Ocidente contra a Rússia pela invasão da Ucrânia não tiveram o efeito desejado. Ele voltou a defender que a postura mais adequada é a de “equilíbrio”, inclusive para não emperrar negócios internacionais.
“As barreiras econômicas dos Estados Unidos e Europa contra a Rússia não deram certo”, avaliou. “A minha linha foi a do equilíbrio. Mais do que negociarmos fertilizantes, a segurança alimentar para o mundo e a soberania da nossa Amazônia.”
Ele acrescentou: “A Rússia é um país que está conosco nessa questão de soberania, e alguns não dão valor para isso”. A fala do presidente repetiu o argumento de que em outros momentos o governo de Moscou deixou claro seu apoio à soberania brasileira na Amazônia.
Apesar das amplas sanções impostas pelo Ocidente à Rússia, a guerra na Ucrânia continua, mais de quatro meses depois de ter sido iniciada. Nesta quinta-feira, o presidente Vladimir Putin disse que o Ocidente fracassou em sua tentativa de conter a invasão e que as medidas adotadas contra Moscou “causaram dificuldades, mas não na escala pretendida”.
Conversa
A última vez em que Bolsonaro e Putin conversaram foi no dia 27 de junho, por telefone. Na pauta, a crise global dos alimentos e o fornecimento de fertilizantes da Rússia ao Brasil. De acordo com o Kremlin, o líder do país europeu garantiu ao colega que cumprirá todos os seus compromissos comerciais relativos a esse tipo de produto.
Cerca de 70% dos fertilizantes usados na agricultura brasileira vem do exterior, e a Rússia é a principal fornecedora do Brasil. Por isso, o temor a uma falta de fertilizantes no Brasil cresceu com o avanço da guerra na Ucrânia, que vem provocando uma crise global na distribuição de alimentos – principalmente porque Rússia e Ucrânia lideram as exportações de grãos para o mundo.
No ano passado, ao menos 23% dos adubos ou fertilizantes químicos importados vieram da Rússia, aponta um levantamento realizado pelo Ministério da Economia. São mais de 9,2 milhões de toneladas do produto.
Brics
Antes, no dia 23, Bolsonaro havia participado da cerimônia virtual de abertura da 14ª Cúpula do Brics, bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Em seu discurso, ele agradeceu a Putin pela acolhida em sua viagem à Rússia, em fevereiro. O líder brasileiro não citou a invasão da Ucrânia, mas falou de seus efeitos:
“O atual contexto internacional é motivo de preocupação, em razão dos riscos aos fluxos de comércio e investimentos e à estabilidade das cadeias de abastecimento de energia e alimentos. A resposta do Brasil a esses desafios não é se fechar ao resto do mundo. Pelo contrário, temos procurado aprofundar nossa integração econômica”.
Foi a primeira vez que Vladimir Putin participou de um evento com líderes das maiores economias emergentes desde o início do conflito armado no país vizinho, em 24 de fevereiro.
Bolsonaro cobrou uma reforma da Organização das Nações Unidas (ONU), com foco no Conselho de Segurança.
“Devemos somar esforços em busca da reforma das organizações internacionais, como o Banco Mundial, o FMI [Fundo Monetário Internacional] e o sistema das Nações Unidas, em especial o seu Conselho de Segurança”, disse Bolsonaro.
“O peso crescente das economias emergentes deve ter a devida e merecida representação”, afirmou o presidente brasileiro.
Das nações que compõem o Brics, apenas a África do Sul está fora do Conselho de Segurança. Rússia e China são membros permanentes do colegiado, e Índia e Brasil estão entre os membros rotativos.