Quarta-feira, 14 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 19 de outubro de 2022
O Hospital Moinhos de Vento (HMV), em Porto Alegre, realizou mais um procedimento inédito na América Latina, com o uso da chamada “neuronavegação” e de braço robótico para um biópsia de lesão cerebral. A tarefa coube ao neurocirurgião Arthur Pereira Filho, do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia da instituição de saúde.
Ele optou pelo uso da robótica por se tratar de uma área profunda do órgão, próxima de zonas com funções nobres como expressão da linguagem e controle motor. De acordo com o médico, esse avanço tecnológico proporciona diversas vantagens, a começar pelo menor grau de invasão.
Além disso, há maior rapidez de execução em relação aos procedimentos tradicionais e melhor programação pré-cirúrgica, por meio de fusão das imagens da ressonância magnética, obtendo-se de forma mais precisa a localização dos melhores alvos da biópsia.
“A medicina está se modernizando e a robótica chega para nos auxiliar”, ressalta Arthur Pereira Filho. “Essa nova tecnologia é importante também para oferecer a melhor experiência aos pacientes, com melhores desfechos, segurança e qualidade na realização dos procedimentos.”
A primeira cirurgia com o uso do braço robótico no HMV foi realizada há cerca de dois meses, em procedimento de coluna lombar, também liderada pelo médico Pereira Filho e seu irmão, o neurocirurgião Nelson Pereira Filho.
Cirurgia fetal
Recentemente, o Hospital Moinhos de Vento também realizou sua primeira cirurgia fetal, tendo como paciente uma mulher de 30 anos, residente da Serra Gaúcha. A ecografia no estágio de 22 semanas de gestação havia apontado na criança a ocorrência de mielomeningocele.
Trata-se de uma malformação congênita na coluna e que causa lesão progressiva nas raízes nervosas. Isso traz risco de consequências severas, como hidrocefalia (acúmulo de líquido no cérebro) e dificuldade – ou mesmo perda total – da capacidade de caminhar.
Por meio da Secretaria da Saúde de sua cidade, a mulher foi encaminhada ao setor de obstetrícia do HMV e concordou em se submeter ao procedimento de correção cirúrgica intrauterina, ou seja, com o bebê ainda dentro do útero, técnica considerada a melhor opção para preservar o movimento das pernas do bebê.
A cirurgia durou cerca de três horas: a partir de incisão abdominal semelhante à de uma cesariana, o útero foi exposto e também seccionado, de forma suficiente para expor a parte lesionada do feto e então fazer a correção. O líquido amniótico foi reconstituído e o útero novamente fechado e corretamente posicionado. Um sucesso.
A mielomeningocele ocorre, em média, em um a cada mil nascimentos, em nível global. Como a taxa de natalidade no Rio Grande do Sul é de aproximadamente 140 mil nascimentos por ano, estima-se que a cada ano aproximadamente 140 gauchinhos venham ao mundo com esse problema.
(Marcello Campos)