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Economia Saiba por que a taxa de juros é tão alta no Brasil e não cai

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Nessa segunda (6), o presidente Lula disse que o Brasil tem "cultura" de juros altos e voltou a criticar a Selic em 13,75%. (Foto: Reprodução/TV Brasil)

O patamar elevado da taxa básica de juros (Selic), atualmente em 13,75% ao ano, virou alvo preferencial das maiores reclamações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A principal crítica é que a alta taxa dificulta o acesso ao crédito tanto para as famílias quanto para as empresas.

Durante a posse do ministro Aloizio Mercadante à frente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nessa segunda-feira (6), Lula disse que “temos a cultura de conviver com os juros altos” e que essa taxa “não combina com a necessidade de crescimento” do País.

Para controlar a inflação, cada vez mais alta dali em diante, o Banco Central (BC) passou a aumentar a taxa de juros – que engatou uma forte trajetória de alta, chegando aos 13,75% em agosto de 2022, patamar em que se mantém até hoje.

A inflação terminou o ano em 5,79%, mais baixa do que os 10,06% registrados em 2021, mas ainda acima do teto da meta do BC (5%).

Mas se a inflação baixou, por que os juros continuam altos?

Os especialistas citam uma série de fatores – tanto locais quanto internacionais – para explicar a manutenção da taxa em níveis tão elevados. Entre os principais, estão:

  • A tendência de alta de juros em economias desenvolvidas
  • A volatilidade do câmbio
  • A inflação ainda acima do teto da meta
  • As incertezas fiscais que existem no país

Tendência de alta

Parte da pressão na taxa brasileira vem de questões externas – a principal delas, apontam, é o aumento dos juros básicos por parte de economias desenvolvidas.

Esse movimento já vinha acontecendo em decorrência dos impactos da pandemia de covid, que trouxeram uma série de problemas nas cadeias de suprimentos em meio aos lockdowns, e foram intensificados pela guerra na Ucrânia – que, por sua vez, encareceu combustíveis e alimentos e trouxe uma grande crise energética na Europa.

“Esses fatores ainda afetam negativamente a questão de preços e de produção e continuam a se refletir nas decisões de juros dessas grandes economias. Nos EUA ainda pesa o fato de que mesmo com as elevações das taxas, a inflação ainda não está abaixando como deveria. É um cenário adverso que ainda deve se refletir no fluxo dentro da economia norte-americana, que deve mostrar uma retração”, explica o especialista em crédito Maurício Godoi.

Na semana passada, por exemplo, o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) decidiu aumentar a taxa básica em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 4,5% a 4,75%, sinalizando que deve continuar subindo os juros do país, ainda que em ritmo mais lento. Uma nova elevação das taxas também foi feita pelo Banco Central Europeu e pelo Banco da Inglaterra.

Além desse aumento de juros provocar uma migração de recursos para esses países desenvolvidos, com investidores em busca de ganhos maiores e menor exposição ao risco, o movimento também indica que esses países podem enfrentar uma desaceleração econômica à frente – o que também impactaria não apenas o Brasil, mas o resto do mundo, por meio das exportações.

Volatilidade no câmbio

Nessa toada, outro ponto apontado pelos especialistas é a maior volatilidade observada no mercado de câmbio. Segundo Godoi, isso acontece porque, quando um país aumenta sua taxa de juros, ele também torna sua moeda mais cara, já que o governo tende a vender mais títulos públicos e, consequentemente, diminui o dinheiro que circula pela economia.

Um exemplo é quando o Fed eleva os juros norte-americanos, o que normalmente provoca uma desvalorização das moedas mais arriscadas (como o real) em relação ao dólar. Esse cenário do real desvalorizado é o que explica, em parte, a necessidade de manutenção da Selic em patamares elevados, dizem os especialistas.

Inflação acima do teto

No cenário doméstico, apesar de a inflação já ter arrefecido perto do que foi observado nos anos de pandemia, os preços ainda acima do teto da meta continuam a pesar nas decisões de juros do Banco Central.

Ao anunciar a manutenção da Selic em 13,75%, o Comitê de Política Monetária (Copom) sinalizou que a decisão é “compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui os anos de 2023 e, em grau maior, de 2024”.

O comitê ainda argumentou que “não há prejuízo do objetivo de assegurar a estabilidade de preços” e que a manutenção resulta em “suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”.

Incertezas fiscais

Por fim, a outra justificativa diz respeito às incertezas fiscais que ainda existem no país. Parte do receio, dizem os especialistas, vem da indefinição de uma nova regra fiscal em substituição ao teto de gastos, que poderia levar a gastos governamentais elevados.

Além disso, o aumento dos gastos públicos também é outro ponto de preocupação. “Temos uma recorrência do déficit público, ainda sem uma avaliação concreta de quanto o Brasil pode ter de crescimento com a arrecadação tributária”, afirma Godoi.

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