Sábado, 22 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 17 de novembro de 2015
Vaiado por um grupo de militantes antes de iniciar seu discurso, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou no congresso promovido por sua legenda nesta terça-feira (17) que o PMDB “não pode se calar” em troca de “meia dúzia de carguinhos” e que chegará o momento de a sigla decidir sobre o desembarque do governo Dilma Rousseff.
“Nós não participamos, não formulamos e não temos compromisso com aquilo que está sendo colocado [pelo governo]”, disse Cunha.
Ele afirmou que “ninguém tem dúvida de que o PMDB lançará candidato em 2018, mas que a legenda “não vai poder se furtar a debater no momento oportuno qual será o seu caminho”.
Cunha se notabilizou como um crítico do governo federal, mas ficou fragilizado após uma série de denúncias de envolvimento em casos de corrupção investigados na operação Lava-Jato.
Asim que ele subiu ao palanque do congresso do PMDB, uma militante gritou “fora Cunha” e, antes de seu discurso, houve uma vaia. Ele concluiu a fala sem outros incidentes.
Na saída do congresso, Cunha disse que não ouviu as vaias do público presente e afirmou que acha que haverá quórum nesta terça para a sessão conjunta do Congresso Nacional, que será convocada por Renan Calheiros (PMDB-AL), para a análise dos vetos presidenciais.
“Eu acho que sim (haverá quórum). Por mim, não tem nenhum problema”, disse.
CONGRESSO
O evento, tido como o primeiro passo para o desembarque oficial do partido do governo federal, tornou-se palanque nesta terça-feira (17) de discursos favoráveis ao desembarque imediato da gestão Dilma Rousseff e contrários ao programa econômico lançado pelo vice-presidente, chamado de “Uma Ponte para o Futuro”.
Em plenário, no qual os microfones foram abertos para os peemedebistas fazerem críticas ao governo federal, dirigentes e parlamentares da tendência oposicionista da legenda pregaram a substituição de Dilma por Temer e culparam a administração federal pela atual crise econômica.
“O impeachment ou não impeachment não depende da gente, mas tem algo que depende. Não é o afastamento da Dilma Rousseff da presidência da República, mas o afastamento do PMDB dela, para que possamos construir um partido que tenha discurso”, disse o ex-ministro Geddel Vieira Lima.
Em linha semelhante, o deputado federal Darcísio Perondi (PMDB-RS) avaliou que o país está à beira de uma “depressão econômica” e defendeu o afastamento da presidenta do Palácio do Planalto.
“Nós achamos que do jeito que está não dá e achamos que o Michel Temer está preparado para assumir o pós-impeachment da Dilma Rousseff”, disse. “Se não houver essa mudança em até seis meses, o país vai piorar. Ou vocês acreditam em mudanças com o sistema que está no Palácio do Planalto?”, questionou.