Terça-feira, 17 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 31 de março de 2023
O presidente norte-americano Joe Biden exigiu nesta sexta-feira (31) que a Rússia liberte o repórter do jornal The Wall Street Journal, preso sob acusações de espionagem em Moscou enquanto aguarda julgamento, e rejeitou expulsar os jornalistas russos dos Estados Unidos.
“Deixe-o ir”, reivindicou Biden, ao responder a perguntas de repórteres na Casa Branca. O jornal pediu, por sua vez, a expulsão do embaixador russo nos Estados Unidos.
“Expulsar o embaixador russo nos Estados Unidos, assim como os jornalistas russos que trabalham aqui, seria o mínimo” que deveria ser feito, afirmou o jornal americano em editorial publicado na madrugada de quinta para sexta-feira.
“O momento escolhido para a prisão parece uma provocação calculada para irritar os Estados Unidos e intimidar a imprensa estrangeira que ainda trabalha na Rússia”, acrescentou.
Durante uma visita ao estado do Mississippi, atingido pelo tornado, Biden disse a repórteres que expulsar jornalistas russos dos Estados Unidos “não é o plano neste momento”.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, havia opinado no mesmo sentido:
“Isso não deveria acontecer. Não há razão para isso”, disse ele, observando que Gershkovich foi pego “em flagrante”.
Evan Gershkovich, um repórter russo de 31 anos conhecido por seu rigor jornalístico, foi preso em Ecaterimburgo sob suspeita de “espionagem”.
Em uma audiência perante um tribunal de Moscou, ele negou as acusações, de acordo com a agência de notícias estatal russa Tass.
O jornalista americano está em prisão preventiva até 29 de maio, medida que poderá ser prorrogada à espera de um possível julgamento.
Segundo Tass, o assunto foi classificado como “sigiloso”, o que restringe a publicação de informações sobre o tema.
A União Europeia, por meio de seu chefe da diplomacia, Josep Borrell, “condenou” a prisão de Gershkovich.
Guerra Fria
É a primeira vez que um correspondente dos Estados Unidos é detido sob acusações de espionagem desde a Guerra Fria.
O jornal americano negou a acusação e reivindicou sua libertação, afirmando estar “profundamente preocupado” com a segurança do funcionário. Gershkovich, de 31 anos, foi detido em Ecaterimburgo, a quarta maior cidade da Rússia. Antes de trabalhar no Wall Street Journal, Gershkovich atuou na agência de notícias francesa AFP, também na capital russa, e no jornal The New York Times. Também já foi jornalista do Moscow Times, um site de notícias independente com coberturas em inglês e russo.
Filho de imigrantes soviéticos, Gershkovich cresceu em Princeton, no estado de Nova Jersey, mas dominava o idioma russo. Segundo a agência de notícia Reuters, o jornalista sabia que era “perigoso” fazer seu trabalho por conta das rígidas leis de censura implementadas pelo Kremlin desde os primeiros dias da invasão na Ucrânia.
Gershkovich se mudou para a Rússia em 2017, quando passou a colaborar para o Moscow Times. Quando a Rússia anunciou o que classifica como “operação militar especial”, em fevereiro de 2022, Gershkovich estava em Londres, prestes a retornar à Rússia para ingressar na redação do Wall Street Journal em Moscou.
“Ele é um jornalista profissional corajoso e comprometido que viajou para a Rússia para relatar histórias de importância e interesse”, compartilhou o também jornalista Joshua Yaffa em suas redes sociais. As informações são da agência de notícias AFP e do jornal O Globo.