Segunda-feira, 16 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 29 de abril de 2023
Pelos próximos quatro meses, Simony vai passar por sessões de quimioterapia e imunoterapia, em um novo tratamento contra o câncer de intestino. Com muita fé, a cantora está confiante. Mas ela sabe, e diz, que uma doença como essa, que mexe com o físico e é “impiedosa com o psicológico”, faz com que pacientes encarem dias bons e outros não tão bons assim. A experiência adquirida, desde que descobriu a doença em maio do ano passado, inspirou a artista a escrever um livro: “Um dia de cada vez – a realidade por trás do diagnóstico”.
Quase como um diário, dividido em sete capítulos, a eterna integrante da “Turma do balão mágico” fala abertamente sobre o medo da morte e a dificuldade em dar a notícia para a família. Relembra a tristeza ao ver os cabelos caindo e a forte emoção que sentiu quando o primogênito a ajudou raspar os fios. Ela conta ainda como encontrou a força na religião e o que mudou na sua vida desde então. E separa conselhos para quem está na mesma situação, ou está disposto a ajudar alguém que ama que vive agora com a doença.
Descoberta
O anúncio para o público de que estava com câncer foi dado em agosto de 2022, mas Simony já estava com o diagnóstico desde maio. Tudo começou quando ela notou uma íngua na região pélvica. Inicialmente, os exames ginecológicos estavam todos corretos. Quando ela buscou uma proctologista, veio o resultado que não queria ouvir. “Na minha cabeça, eu já pensei no pior: ‘Quanto tempo eu tenho de vida? Como vou contar para os meus filhos? Não tenho um jazigo, vou ter que comprar um. Vão separar meus filhos. Preciso passar a guarda do menor para minha mãe’. Eu não podia gritar, eu não podia chorar. Meus filhos estavam ali e meu mundo e meu chão se abriram”, escreveu a cantora.
Em família
Mãe de quatro filhos, Simony contou do diagnóstico separadamente para cada um. Pelos exames, a artista não teve metástase e o tumor estava em um tamanho controlado e foi com esses argumentos que ela procurou desmistificar a doença. “Claro que, no começo, eles ficaram muito assustados, choraram. Expliquei que precisaria muito da força de cada um para que eu me mantivesse tranquila e confiante. Quem é mãe sabe muito bem do que estou falando”.
Quimioterapia
Foi um ciclo de cinco meses. A primeira sessão durou nove horas. Os efeitos, a cantora descreve como “uma bomba no organismo” e relatou cansaço e falta de disposição. Mas a cada sessão, tentava imaginar cada gota que caía como “gotinhas de cura”. A ajudou. A queda de cabelo se deu 14 dias depois do início do tratamento. Ela ficou sensibilizada e se sentiu perdendo a vaidade. Veio então um momento marcante: Simony contou com a ajuda de Ryan, o filho primogênito, para raspar os fios. “Quando eu passava as mãos nos meus cabelos, eles saiam em tufos. Eu não aguentava mais sofrer aos poucos vendo o meu cabelo cair. O cabelo sempre foi sinônimo de autoestima, beleza. Decidi, então, raspar tudo de uma vez e acabar logo com esse sofrimento parcelado. Meu filho mais velho, Ryan pegou a máquina e começou a raspar. Foi muito difícil e marcante. Porque ele chorava imaginando o meu sofrimento e eu chorava por vê-lo sofrer.”
Radioterapia
Finalizada a quimioterapia, Simony foi submetida a 30 dias de radioterapia. “Não dói, mas a pele fica bastante sensível, exatamente como se fosse uma queimadura”, relembra. Os cinco dias finais foram os mais difíceis. A paulistana se viu esgotada. “Não conseguia encontrar uma posição confortável para dormir e precisava passar pomadas a cada hora. Apesar de tudo, não tenho dúvidas de que Deus segurou minha mão”.
Fim do tratamento e sequelas
A última radioterapia foi feita no dia 14 de dezembro de 2022. E os relatos no livro terminam com esse período. Com os efeitos da radioterapia no corpo, era preciso que a paciente esperasse alguns meses para novos exames e observar o crescimento, ou não, do tumor. A doença deixou sequelas: “Eu sobrevivi ao câncer, mas algumas coisas me incomodam: não menstruo mais, sinto dor nas articulações, queda na libido, secura vaginal, irritabilidade e calorões. Às vezes, sinto culpa toda vez que reclamo de uma, ou de todas essas dores e angústias, que esse novo normal de uma paciente oncológica me obriga a viver e sentir.”