Por Redação O Sul | 26 de junho de 2023
Uma pesquisa realizada pelo ManpowerGroup indicou que Portugal é o quarto país com maior escassez de talentos no mundo. De acordo com dados do Ministério do Trabalho português há, atualmente, mais de 60 mil vagas que as empresas não conseguem preencher.
Por conta desses fatores, Renato Martins, CEO da Move, empresa sediada em Portugal que atua com mobilidade profissional e facilitação de internacionalização de executivos, conta que a nação europeia tem sido cada vez mais vista como uma possibilidade de internacionalização de carreira para brasileiros que desejam viver fora do país.
Ele observa que Portugal é especialmente interessante para os profissionais do Brasil por duas razões principais: “primeiro porque não há a barreira da língua e, segundo, por causa da familiaridade cultural. Existe um conjunto de valores, crenças e culturas que os dois países compartilham”.
Martins explica que alguns setores da economia têm tido um crescimento elevado em Portugal nos últimos dez anos em comparação com outros países, como turismo, serviços e construção civil. “Além disso, o governo português tem um projeto voltado para tecnologia. O Estado fomenta o setor no país, pois há um desejo de transformar Portugal em um hub tecnológico na Europa”, destaca.
No entanto, o especialista conta que os portugueses recém-formados em tecnologia tendem a deixar o país para trabalhar em mercados mais fortes como Alemanha e Reino Unido, por exemplo. Ao mesmo tempo, ele lembra que a Europa passa por um período chamado de suicídio demográfico. “Isso significa envelhecimento da população, taxa de natalidade muito baixa e população economicamente ativa diminuindo a cada ano”, detalha.
“Há uma competição entre esses países sobre quem tem a melhor estratégia para atrair estrangeiros, incluindo políticas de facilitação de vistos e fomentos em algumas regiões onde o imigrante pode contar com uma residência por um tempo até conseguir um emprego e se estabilizar”, pontua.
Assim, Martins ressalta que não há outra opção para o governo de Portugal a não ser trazer pessoas de fora. “Se não, a economia para de crescer e, no médio prazo, o país deixa de ser sustentável, porque ele não consegue manter a segurança social da população, equivalente ao nosso INSS.”
Prova disso é que o governo português criou uma nova modalidade de visto para facilitar a entrada de imigrantes da área de TI no país, o Tech Visa. “Se você for um profissional que trabalha com tecnologia da informação, em qualquer setor, é possível aplicar para esse visto”, revela Martins. Segundo ele, o trâmite é mais rápido e facilitado, mas é preciso que o pedido tenha uma entidade empregadora envolvida.
Ele observa que, embora não tenham o “encanto do ‘american way of life”, os países da Europa são menos polarizados, mais estáveis politicamente e mais abertos para profissionais estrangeiros do que os EUA. “Talvez não seja o lugar onde o profissional fique rico ou vá trabalhar no Google, mas, em Portugal, é possível ter qualidade de vida, segurança e um bom emprego”, analisa.
A seguir, o especialista dá dicas para profissionais brasileiros que desejam viver e trabalhar em Portugal.
– 1. Se informe antes de decidir: Martins explica que a jornada de mobilidade começa quando o profissional passa a enxergar a possibilidade de trabalhar em outro país. Em seguida, ele deve entender o que vai ganhar e perder, caso resolva seguir esse caminho.
“A gente idealiza muita coisa. Muitas pessoas acham que vão encontrar uma São Paulo, por exemplo, mas Lisboa tem um milhão de habitantes”, lembra. “É preciso buscar informação e entender se aquele país oferece o estilo de vida que a pessoa quer. Só assim é possível tomar uma decisão informada”.
– 2. Procure vagas ainda no Brasil: “O melhor cenário é fazer a mudança já tendo uma proposta de emprego”, recomenda o especialista. Segundo ele, algumas empresas de recrutamento fazem a ponte entre profissionais brasileiros e empresas portuguesas. “Existem sites portugueses que também divulgam vagas, como Idealista, Sapo.com e InfoJobs”, indica.
– 3. Busque ajuda: Algumas empresas auxiliam profissionais que estão em busca de uma oportunidade no exterior ou que já foram contratados e precisam tirar o visto. De acordo com Martins, a assessoria também pode ajudar o profissional a tomar a decisão de se mudar. “Pessoas que vêm sem informação podem ter um prejuízo muito grande. Esse é um movimento muito mais complexo do que sair de São Paulo e ir para o Rio, por exemplo”. Além disso, ele ressalta que é importante contar com esse apoio para entender aspectos trabalhistas e fiscais do país que diferem do Brasil.
– 4. Candidate-se para o visto mais adequado: O especialista esclarece que existem diversas categorias de vistos a depender do perfil profissional de cada um. Além do visto para pessoas formadas em TI, há também os que são voltados para empreendedores, investidores e profissionais de outras áreas.
No final do ano passado, entrou em vigor um visto para quem está à procura de emprego. A permissão, específica para pessoas de países lusófonos, teve cerca de 140 mil aplicantes até o momento, conta Martins.
“Além disso, para não perder tempo e dinheiro, é preciso que o profissional tenha atenção ao tipo de visto que está pedindo e se preenche todos os requisitos”, lembra. Ele detalha que pode ser necessário que o solicitante apresente documentos para comprovar, por exemplo, que tem capacidade financeira de se manter em Portugal por alguns meses. “Depois de fazer a submissão online, o consulado tem 60 dias para processar e decidir sobre a concessão do visto”, explica. As informações são do jornal Valor Econômico.
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