Terça-feira, 13 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 26 de novembro de 2015
As redes sociais (como Facebook, Twitter etc) nos dão um poder de comunicação tão grande que, mesmo sem perceber, podemos prejudicar pessoas que nem sabemos quem são. Esse é o alerta do livro “Humilhado – Como a era da internet mudou o julgamento público”, do britânico Jon Ronson, que acaba de chegar ao Brasil, pela Editora Best Seller (preço sugerido: 39 reais). Ele conta casos sinistros de maldade coletiva provocados pela nossa inocência. Ou ignorância.
De acordo com Ronson, na internet tendemos a encarnar facilmente o papel de juízes dos vacilos alheios. Mas a verdade é que nem todos temos base ou moral para ser justos, e podemos provocar reações perigosas e irreversíveis. Basta ver a opinião de Ted Poe, um juiz americano muito rigoroso, cujas penas são frequentemente confundidas com peças de humilhação pública dos condenados.
Ele reconhece que o sistema judiciário tem problemas, mas pelo menos dá o direito de defesa ao acusado. “Porém, quando [alguém] é acusado na internet, não tem direito algum. E as consequências são piores”, diz o juiz.
As consequências vão desde a perda do emprego, o fim de relacionamentos e até mesmo o suicídio provocado pela humilhação em larga escala. Ronson relata vários casos cruéis dessa nossa fúria coletiva por fazer justiça. No fim, a moral da história é:
1. Tenhamos muito cuidado com o que publicamos
Não estamos sós no planeta e, como nem todo mundo tem o mesmo grau de percepção, é bom deixar claro quando estamos brincando ou falando a verdade. Chato, mas o mundo está ficando assim mesmo.
2. Muito cuidado com as críticas que publicamos
Podem ser irremediavelmente injustas. Há duas semanas, uma nota dizia que a eterna Vera Fischer fora vista sem maquiagem, surpreendendo seus fãs porque, afinal, o tempo passa… É o tipo do assunto de que muita gente gosta – assumidamente ou não. Quando a nota caiu no Facebook, entretanto, começou a ser muito criticada e, por isso mesmo, essa notícia (?) de interesse tão restrito ganhou muito mais visibilidade do que se ninguém tivesse reclamado dela. A audiência do site que publicou quintuplicou.
A experiência mostrou que o silêncio é a melhor reação a notícias que nos pareçam descabidas. Pessoalmente, acho que republicar notas da internet me preocupa mais, por exemplo, quando ampliamos a voz de políticos que, aproveitando-se da inconsciência dos palpiteiros on-line, beneficiam-se muito da propaganda gratuita.
Bom pensar nisso. Enfim, nem me cabe comentar se a nota sobre a Vera Fischer era relevante ou não, mas acreditem: muita gente lê fofocas on-line sem assumir isso publicamente. Aqui me cabe mostrar apenas que, supostamente criticando uma bobagem, damos muito mais destaque a ela. (Nelson Vasconcelos/AD)