Terça-feira, 06 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 28 de abril de 2024
Responsável pelo Bolsa Família, uma das principais vitrines da gestão petista, o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, reconheceu que o governo precisa aprofundar as negociações com o Congresso para minimizar os desgastes que tem enfrentado. Para ele, os auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva têm que criar um “ambiente de menos tensão”. Dias defendeu, ainda, que o chefe do Executivo participe mais da articulação política e afirmou que o equilíbrio fiscal pode ocorrer em conjunto com a prioridade no social. Confira a opinião do ministro:
Queda na aprovação
É normal que comparem o governo Lula 3 com o Lula 2 (2007 a 2010). Ali, nós tínhamos outro Brasil, com 80% de aprovação, mas nem sempre foi assim. No primeiro mandato, só conseguimos organizar uma base política na metade de 2004 (segundo ano de gestão). Vamos precisar de pelo menos esses dois primeiros anos para ganhar confiança. O lado positivo é que as pessoas reconhecem que a vida melhorou. Temos acertos no social: retiramos 13 milhões de pessoas do mapa da fome no ano passado.
Mais concessões
“Precisamos de mais diálogo. O presidente está certo quando chama para que não seja uma tarefa apenas do ministro de Relações Institucionais (Alexandre Padilha) e que seja de todo o time, para que possamos ir a cada estado conversar com os parlamentares, a partir daqueles que já compreendem a importância de assumir-se como governo.”
Relação com o Legislativo
“Já temos um quadro feito em relação à composição com os vários partidos. A mudança no Ministério do Esporte, por exemplo, foi uma reforma (a saída de Ana Moser para a entrada de André Fufuca, do PP). Com a divisão em alguns desses partidos, é preciso dialogar em busca de uma mesma posição. Muitas vezes um parlamentar tem uma base política que rejeita o governo. Quando a gente se abre para conversar com essa base, às vezes formada por evangélicos, empresários, agronegócio, aparecem coisas para as quais podemos dar solução. Essa operação envolve uma orquestra grande.”
O presidente precisa entrar mais na articulação política? “Sim, e ele tem se esforçado e participado. Em 2023, houve a aprovação da Reforma Tributária e de todo o arcabouço social de vários programas. Isso aconteceu graças à liderança e diálogo do presidente Lula e o apoio dos presidentes da Câmara e do Senado, integrados com os líderes.
Sobre a relação do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e do ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), o ministro comenta que “a gente viveu em variados governos momentos de tensões entre membros do Executivo com o Parlamento. O ministro Alexandre Padilha tem a mais complexa das missões. Não vejo ninguém botando crédito em favor do Padilha quando as coisas são positivas, e foram muitas. Ele tem a confiança do presidente e é maduro para, pelo diálogo, ter uma boa relação com o presidente Arthur Lira, que como presidente da Casa também é pressionado por 513 parlamentares. É pelo diálogo, com todos que puderem ajudar. Reduzir tensão é bom para o Brasil, não só para o governo.”
Furar a bolha
Quando questionado de vê dificuldades em furar a bolha para que as mensagens do governo cheguem aos eleitores de Bolsonaro. Dias respondeu: “precisamos fazer gestos. Informações distorcidas chegam aos evangélicos. O que há de diferente entre o Lula de 2024 e o de 2009? É o mesmo Lula que acredita em Deus.”
A equipe econômica estuda desvincular gastos obrigatórios para cumprir as regras do arcabouço fiscal, o que afetaria os pisos constitucionais para Saúde e Educação. Para o ministro, “nosso governo demonstrou compromisso com o equilíbrio fiscal, e isso pode ser trabalhado sem tirar a prioridade social. O que precisa ser examinado é: isso vai seguir crescendo em 2024, 2025, 2026 no mesmo patamar que cresceu em 2023, quando era uma reposição de defasagens? Quando tem um descontrole nas contas, é o povo mais pobre que sofre, porque inflação e juros explodem. E isso ninguém quer.”
Dias reforça que há recursos para o combate à fome. “Temos que fazer com que esse dinheiro chegue a quem precisa, sem desviar nenhum centavo. Tinha gente recebendo Auxílio Brasil (que foi substituído pelo Bolsa Família) com renda elevada. Precisamos alcançar mais ou menos 350 mil famílias que ainda não alcançamos”, reforça. As informações são do jornal O Globo.