Terça-feira, 06 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 23 de janeiro de 2016
Um novo artigo publicado nesta sexta-feira (22) pelo CDC (Centro de Controle de Doenças dos EUA) fez a avaliação mais completa do conjunto de características da microcefalia causada especificamente pelo vírus zika, baseada em 35 bebês brasileiros.
Os dados mostram que mais de 70% das mães de filhos com microcefalia ligada à infecção pelo zika apresentaram vermelhidão entre o primeiro e segundo trimestre de gestação. Das crianças, 71% apresentam microcefalia severa –perímetro cefálico muito reduzido. O artigo foi assinado por pesquisadores de diversas instituições brasileiras e pode ajudar a separar os casos de microcefalia por zika dos que têm outras causas.
Um dado importante do estudo é que cerca de um terço das crianças nasceu com excesso de pele no crânio. Isso indica que o feto sofreu um estresse ainda no útero da mãe que interrompeu o seu desenvolvimento normal. Outras complicações notáveis relatadas pelos pesquisadores são uma doença articular (artrogripose), pé-torto e problemas oftalmológicos (como um globo ocular anormalmente pequeno). A ideia de fazer essa avaliação extensa foi capitaneada pela Sociedade Brasileira de Genética Médica.
O trabalho foi feito com 37 crianças que nasceram com microcefalia. Duas foram excluídas porque a origem da condição não era ligada ao zika: uma tinha uma alteração genética e a outra sofreu com a infecção por citomegalovírus – uma das causas “clássicas” da má-formação.
A condição geralmente reflete subdesenvolvimento cerebral: o órgão não cresce e há uma consolidação precoce do crânio. Entre os 27 bebês que passaram por exames de neuroimagem, todos apresentaram alterações como calcificações, alargamento dos ventrículos (cavidades do cérebro) e alteração no padrão de migração dos neurônios (importantes para a adequada formação do cérebro).
Entre os achados neurológicos estão alterações de tônus muscular (37% dos casos), reflexos anormalmente elevados (20%), irritabilidade (20%), tremores(11%) e convulsões (9%). A análise do líquido cerebrospinal (que banha o cérebro e a medula) ainda não ficou pronta e servirá de “atestado definitivo” de que o vírus esteve no sistema nervoso dos bebês, diz o artigo. (Folhapress)