Segunda-feira, 05 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 4 de maio de 2025
O Coordenador para Sanções do governo de Donald Trump, David Gamble, fará uma visita ao Brasil na próxima segunda-feira (5) para ouvir parlamentares de direita e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A informação, divulgada pelo deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-RJ), não foi confirmada pelo governo dos EUA. A visita é apontada por bolsonaristas como um sinal de avanços na articulação nos Estados Unidos para punir o ministro Alexandre de Moraes com a proibição de viagens ao país.
O filho Zero Três do ex-presidente esteve em Washington na última semana e afirma ter se reunido com pessoas no Departamento de Estado e também da Casa Branca, sem detalhar os nomes. Eduardo disse ter sido avisado da visita de Gamble, que teria uma reunião com o próprio Bolsonaro e com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), seu irmão.
Segundo ele, a comitiva que viajará à capital na segunda-feira (5) também vai tratar de questões ligadas à segurança pública, como crime organizado. O congressista licenciado também fez uma postagem nas redes sociais informando sobre a ida do funcionário do governo Donald Trump.
Um auxiliar de Lula disse que o governo brasileiro estava ciente da previsão da visita de uma comitiva americana, mas que o objetivo era ter reuniões em nível técnico sobre segurança pública com integrantes da Esplanada. Não houve comunicação ao governo, porém, sobre a perspectiva de visita a adversários de Lula (PT).
De acordo com duas pessoas envolvidas nas tratativas, ligadas a Bolsonaro, funcionários do governo Donald Trump têm dado sinais de que concordam com a aplicação de sanções. Eles não dizem os nomes das pessoas com as quais conversam, mas afirmam que as tratativas têm se dado em gabinetes de segundo e, às vezes, primeiro escalão do governo Trump.
Apoio de Steve Bannon
Um dos funcionários do governo com os quais Eduardo se reuniu é o embaixador Michal Kožák, do escritório de Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado.
Um porta-voz do Departamento de Estado afirmou que, “como regra geral”, o órgão não antecipa ações de sanção. A articulação é para conseguir o sinal verde de órgãos tanto na Casa Branca quanto no Conselho de Segurança e no Departamento de Estado. Para que haja uma sanção pela Casa Branca, é preciso do aval de Trump, que precisa assinar um decreto impondo sanções a Moraes.
Os bolsonaristas têm contado com o apoio de Steve Bannon, que foi estrategista chefe de Trump —hoje ele está afastado do presidente americano, mas que mantém contatos no governo—, e de Jason Miller, ex-conselheiro sênior do republicano.
Nesta semana, Eduardo e o influenciador Paulo Figueiredo devem retornar para novos encontros em Washington. Será a terceira ida do deputado à capital americana desde que ele se licenciou do mandato, em março, alegando temer ter seu passaporte cancelado por Moraes.
Figueiredo, que foi denunciado junto com Bolsonaro pela PGR (Procuradoria-Geral da República) sob acusação de participar de uma trama golpista de 2022, também já esteve em Washington em outras ocasiões.
Possíveis punições
Os bolsonaristas veem dois caminhos para punir o magistrado do STF. Uma delas é o cancelamento do visto de Moraes pelo Departamento de Estado, que já sancionou algumas autoridades estrangeiras, entre elas a ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner.
A outra é conseguir uma sanção mais extrema e focada apenas em Moraes pela Casa Branca. Haveria um rascunho de decreto impondo ao ministro do STF punições como as aplicadas ao procurador do Tribunal Penal Internacional, Karim Khan, em retaliação pelo mandado de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu.
Khan não pode entrar nos EUA e recebeu uma sanção da Ofac, Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros, que pertence ao Departamento do Tesouro dos Estados Unidos. Com isso, ele teve eventuais bens nos EUA bloqueados e ficou impedido de fazer transações com instituições americanas. O decreto de Trump determinando a sanção foi emitido em fevereiro.
A justificativa para a sanção de Moraes seria a Lei Magnitsky, que prevê a aplicação de sanção a pessoas acusadas de violação de direitos humanos e corrupção. A alegação de bolsonaristas é que o ministro do STF violou os direitos humanos ao agir contra a liberdade de expressão de pessoas nos Estados Unidos ao pedir bloqueio de perfis e informações a big techs. Com informações da Folha de S. Paulo