Terça-feira, 06 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 5 de maio de 2025
Descobertas de Giovanna, premiada internacionalmente, apontam que doença se manifesta muito antes da velhice.
Foto: Reprodução/Arquivo PessoalInspirada pela história da avó, diagnosticada com Alzheimer aos 50 anos, e pela mãe cientista, Giovanna Carello Collar, de 28 anos, decidiu muito cedo que queria ser pesquisadora.
Graduada em Biomedicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde concluiu o mestrado e atualmente faz o doutorado, ela já soma cinco anos de dedicação ao estudo da doença.
Ao longo da carreira, Giovanna ganhou mais de 15 bolsas de instituições e agências de fomento para participar de conferências e eventos sobre patologias degenerativas.
Neste ano, a biomédica conquistou o prêmio “One to Watch”, conferido às neurocientistas mais promissoras da área pela Alzheimer’s Association International Conference (AAIC).
Outro reconhecimento de destaque foi o do programa Fullbright Brasil, que selecionou estudantes de doutorado para fazer parte do curso nos Estados Unidos – entre eles, Giovanna.
Malas prontas
Em agosto deste ano, ela deixará Porto Alegre, cidade onde mora, para estudar na Universidade de Harvard por nove meses.
“Foi um processo seletivo bem extenso, cansativo, desafiador, mas fiquei muito feliz de ter sido contemplada com essa bolsa renomada e estou empolgada e animada para ir”, diz.
Na pesquisa de doutorado, a cientista estuda os fatores de resiliência e mecanismos que garantem que uma pessoa não desenvolva o Alzheimer, além de entender em que período da vida ele desencadeia.
“A hipótese é de que ele possa começar muito antes do que se imagina, durante o neurodesenvolvimento da pessoa, no período da gestação. Estamos testando e tentando entender os mecanismos”, afirma.
Giovanna explica que a equipe identificou que a mutação específica no gene da relina, uma proteína importante para garantir o neurodesenvolvimento, poderia funcionar como uma proteção contra o acúmulo de outra proteína chamada tau, que é um dos marcadores da doença.
“A tau juntamente com o amiloide são as duas proteínas importantes para o desencadeamento da doença. Então, ter uma proteção contra o acúmulo dessas proteínas é muito importante para que a pessoa não desenvolva o Alzheimer”, explica.
De acordo com o estudo, os participantes que têm essa mutação – e não possuem o acúmulo da proteína tau – apresentam um declínio cognitivo mais lento comparado aos demais.
“A princípio, a relina se torna um alvo promissor para continuarmos investigando. Claro que há muito caminho pela frente para conseguirmos corroborar esses achados, mas é um passo importante.”
(Vanessa Fajardo/O Estado de S.Paulo)