Terça-feira, 06 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 5 de maio de 2025
A própria forma como nos comunicamos também influencia na qualidade dessas conexões.
Foto: ReproduçãoDepois de décadas de estudos sobre bem-estar, pesquisadores chegaram a conclusão que o fator mais importante para uma vida feliz e saudável são os relacionamentos humanos. Muito além de riqueza, fama ou conquistas profissionais, são os laços sociais – com parceiros, amigos, familiares e até desconhecidos – que mais influenciam na felicidade ao longo da vida. E, ao contrário do que se pensava, a felicidade não é determinada apenas pela genética ou pelas circunstâncias, mas pode ser cultivada por meio de atitudes simples, como expressar gratidão, praticar gentileza e buscar conexões reais no dia a dia.
Essa é a principal descoberta do Estudo de Desenvolvimento Adulto de Harvard, iniciado em 1938 e considerado a pesquisa mais longa da história sobre felicidade e saúde mental. Ao acompanhar centenas de pessoas por mais de oito décadas, os pesquisadores identificaram que aqueles com relações próximas e de qualidade viveram mais e relataram maior bem-estar geral. A conclusão foi resumida pelo psiquiatra Robert Waldinger, atual diretor do estudo e divulgada pelo The New York Times: “Bons relacionamentos nos mantêm mais felizes e saudáveis. Ponto final.”
A cientista Sonja Lyubomirsky, professora da Universidade da Califórnia e referência mundial na área da psicologia positiva, reforça esse ponto. Em seus experimentos, ela observou que atos simples como escrever cartas de gratidão ou ajudar um colega aumentam significativamente o bem-estar de quem os pratica. “Todas essas intervenções funcionam porque aumentam a sensação de conexão com os outros”, afirmou Lyubomirsky ao New York Times.
Mesmo interações sociais breves, como conversar com um estranho no transporte público ou na fila do supermercado, podem melhorar o humor. Estudos conduzidos na Universidade de Chicago mostraram que as pessoas tendem a subestimar os benefícios dessas trocas, mas, na prática, elas promovem um aumento real de felicidade. O obstáculo maior, segundo os pesquisadores, está na relutância das pessoas em iniciar o contato.
Outro estudo recente, liderado pela psicóloga Julia Rohrer, do Instituto Max Planck, demonstrou que pessoas que definem metas sociais – como passar mais tempo com amigos e familiares — apresentam maiores aumentos em satisfação com a vida do que aquelas com objetivos exclusivamente profissionais ou financeiros. Ou seja, buscar conexões humanas não só faz bem, como também é uma escolha consciente e eficaz para viver melhor.
A própria forma como nos comunicamos também influencia na qualidade dessas conexões. Lyubomirsky descobriu que interações por voz ou vídeo são muito mais eficazes para promover bem-estar do que mensagens de texto ou o uso passivo de redes sociais. “Nosso cérebro parece precisar de sinais mais ricos de presença e atenção”, explica a pesquisadora.
Com base em décadas de evidências acumuladas, a mensagem dos especialistas é clara: investir em vínculos humanos é o caminho mais seguro e acessível para uma vida mais feliz. Num mundo cada vez mais digital e individualizado, cultivar relacionamentos próximos – sejam eles duradouros ou passageiros – pode ser o antídoto mais poderoso contra a solidão, o estresse e a infelicidade. (Com O Globo)