Quarta-feira, 14 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 11 de maio de 2025
A Índia e o Paquistão concordaram com um cessar-fogo no sábado (10), após longas negociações conduzidas pelos Estados Unidos, pondo fim ao mais grave conflito militar entre os rivais com armas nucleares em décadas. No entanto, horas mais tarde, os dois países acusaram-se mutuamente de violar o acordo.
Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros da Índia, Vikram Misri, o Paquistão tinha violado repetidamente o acordo entre os dois países. “Apelamos ao Paquistão para que tome as medidas adequadas para fazer face a estas violações e lidar com a situação com seriedade e responsabilidade”, disse numa conferência de imprensa em Nova Deli. Misri acrescentou que o exército indiano estava a “retaliar” contra o que descreveu como uma “intrusão na fronteira”.
Em Islamabad, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Paquistão acusou as forças indianas de terem iniciado a violação do cessar-fogo. O Ministério afirmou que o país continua empenhado no acordo e que as suas forças estão gerindo a situação de forma responsável e com contenção.
Já o comandante da ala indiana, Vyomika Singh, disse numa conferência de imprensa em Nova Deli que o seu país estava empenhado em “não escalar, desde que o lado paquistanês retribua”.
Os combates entre Índia e Paquistão nos últimos quatro dias foram o pior confronto militar entre os dois rivais em décadas. O uso de drones, mísseis e artilharia começou quando a Índia atingiu alvos no Paquistão e na Caxemira administrada pelo Paquistão, em resposta a um ataque militante mortal em Pahalgam no mês passado. O Paquistão negou qualquer envolvimento.
Após quatro dias de ataques transfronteiriços, a Índia e o Paquistão afirmaram ter concordado com um cessar-fogo total e imediato.
O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a notícia em sua Plataforma Social Truth no sábado. Ele afirmou que o acordo havia sido mediado pelos EUA. O Ministro das Relações Exteriores do Paquistão confirmou posteriormente que o acordo havia sido alcançado pelos dois países, acrescentando que “três dúzias de países” estavam envolvidos na diplomacia.
Mas horas após o anúncio, moradores das principais cidades da Caxemira administrada pela Índia, Srinagar e Jammu, relataram ter ouvido sons de explosões e visto flashes no céu.
“Isso é uma violação do entendimento alcançado hoje cedo,” afirmou o secretário de Relações Exteriores da Índia, Vikram Misri.
Acordo
Em discurso após o anúncio do cessar-fogo, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse que a Índia e o Paquistão concordaram em iniciar negociações sobre um amplo conjunto de questões em um local neutro.
Ele disse que ele e o vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, passaram 48 horas com altos funcionários indianos e paquistaneses, incluindo seus respectivos primeiros-ministros, Narendra Modi e Shehbaz Sharif.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que acolheu “todos os esforços para acalmar o conflito”.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Sir Keir Starmer, disse que o Reino Unido está “engajado” em negociações há “alguns dias”, com o secretário de Relações Exteriores, David Lammy, falando com ambos os lados.
Saiba mais
A Caxemira é reivindicada integralmente pela Índia e pelo Paquistão, mas é administrada parcialmente por cada um desses países desde que foram divididos após a independência da Grã-Bretanha em 1947. O território tem sido um ponto crítico entre as duas nações com armas nucleares. Duas guerras foram travadas por causa dela.
Os recentes confrontos ocorreram depois de duas semanas de tensão após o assassinato de 26 turistas na cidade turística de Pahalgam.
Sobreviventes do ataque de 22 de abril na Caxemira administrada pela Índia, que matou 25 indianos e um nepalês, disseram que os militantes estavam mirando homens hindus. O Ministério da Defesa indiano afirmou que seus ataques desta semana fazem parte de um “compromisso” de responsabilizar os culpados pelo ataque. O Paquistão os descreveu como “sem provocação”.
O Paquistão afirmou que ataques aéreos indianos e disparos transfronteiriços desde quarta-feira (8) mataram 36 pessoas no Paquistão e na Caxemira administrada pelo Paquistão, enquanto o exército indiano relatou a morte de pelo menos 21 civis em bombardeios paquistaneses.