Sexta-feira, 16 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 14 de maio de 2025
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse na terça-feira (13) que o período que a empresa vê pela frente é “mais desafiador ainda” do que o que passou. “Quando o preço (do petróleo) desce, é hora de apertar os cintos”, disse ela, ressaltando que palavras como austeridade, simplificação e otimização de projetos estarão presentes no discurso da companhia a partir de agora. “Vamos simplificar projetos, já estamos endereçando, como grandes petroleiras. Não poderia ser diferente com um cenário de petróleo a US$ 65”, disse, enfatizando que a empresa buscará a redução de custos.
Embora tenha subido na terça-feira (13) – o preço do barril do Brent fechou a US$ 66,63, com alta de 2,57% no dia embalada pela trégua na disputa comercial entre os Estados Unidos e a China –, os preços do petróleo estão historicamente baixos. Por isso, Magda destacou a disciplina de capital como forma de baixar custos. “Não estamos aqui para gastança, é tempo de controle de gastos.”
Nesse processo, ela disse, a companhia vai revisar seu Plano Estratégico de 2026 a 2030, considerando o desafio do preço do petróleo. “Estamos comprometidos com gastos a níveis adequados ao preço do petróleo atual”, disse Magda. “Continuaremos ganhando dinheiro para os investidores, seja governo ou os privados.”
No auge da pandemia da covid-19, por exemplo, quando o petróleo tipo Brent chegou ser cotado a US$ 20 por barril, na pior crise da indústria petrolífera em 100 anos, a estatal teve de colocar 62 plataformas em hibernação, paralisando a produção.
De acordo com Mahatma Ramos dos Santos, diretor técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), a Petrobras terá mesmo de rever seus projetos caso o preço do petróleo se mantenha no patamar atual. Ele lembra que no Plano de Negócios 20252029 da estatal, uma das premissas para ter os resultados financeiros projetados é uma cotação média do Brent em US$ 83 por barril em 2025.
“Esse temor, apontado na fala da presidente Magda, reflete um sentimento geral da indústria, mas também uma preocupação com a saúde financeira e a rentabilidade dos próprios projetos da Petrobras”, disse Santos.
O diretor financeiro da Petrobras, Fernando Melgarejo, também reforçou que a empresa deve seguir um plano de austeridade, com medidas de curto, médio e longo prazos.
Questionado sobre a execução dos investimentos já programados, ele disse que o compromisso é com a sustentabilidade da empresa. Segundo ele, este segundo trimestre ainda terá um carrego da alta de investimentos relativa ao quarto trimestre de 2024, mas, depois disso, isso não prosseguirá.
“É lógico que o momento de hoje é muito diferente… diante do movimento de queda (de preços do petróleo), do jeito que aconteceu, de US$ 80 para US$ 60 (por barril), é natural que se faça a revisão, quando se olha o portfólio, a estrutura de custos é muito diferente”, diz o analista de energia da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman.
A presidente da Petrobras disse entretanto que a companhia acredita no potencial da Margem Equatorial e, portanto, seguirá “brigando” para obter a licença para a exploração da região com os investimentos já previstos. “Uma companhia de petróleo não tem futuro sem exploração. Buscamos novas reservas enquanto trabalhamos nos campos já descobertos”, disse. “Temos sido bem-sucedidos na agregação de reservas, principalmente no pré-sal.”
De acordo com a diretora de Exploração e Produção da Petrobras, Sylvia Anjos, o planejamento da companhia prevê investimentos de US$ 3 bilhões para a Margem Equatorial com a perfuração de cinco poços. “Já entregamos todos os pedidos do Ibama e aguardamos Ibama verificar”, disse Sylvia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.