Quinta-feira, 15 de maio de 2025
Por Dennis Munhoz | 15 de maio de 2025
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
A imigração continua pegando pesado aqui nos Estados Unidos contra imigrantes ilegais e, entenda-se por ilegal todo aquele que encontra-se irregularmente em solo estadunidense independentemente de ter cometido algum crime mais grave, mesmo porque o simples fato de ter entrado ou permanecido nos Estados Unidos de forma ilegal constitui crime perante a legislação federal.
Muitos imigrantes se submetem a situações humilhantes e extremamente perigosas para entrar ou permanecer no país, não são poucos os casos que mulheres sofrem estupros para atravessar a fronteira, homens que são obrigados pelos cartéis a transportar drogas, tráfico humano, desaparecimento de pessoas entre outras barbáries. Mesmo após entrar nos Estados Unidos, na maioria dos casos pessoas mais humildes se submetem a trabalhos degradantes, jornadas insuportáveis, remuneração indigna e exploração impostas muitas vezes por outros imigrantes que já estão mais tempo na terra das oportunidades.
Apesar do fluxo imigratório ter diminuído muito após a posse de Donald Trump, as tentativas de imigração ilegal continuam, mesmo com a grande probabilidade de prisão e deportação imediata. Em muitos países da América Latina, Central e algumas regiões do México as pessoas não têm outras opções de sobreviver com segurança e dignidade a não ser abandonando sua pátria e arriscando tudo na aventura da imigração ilegal.
Nestes casos aplica-se aquela lógica do nada a perder, ou seja, se permanecer pode morrer ou viver na miséria e sem perspectiva de melhora. A pergunta que não se cala é por que imigrantes oriundos de países democráticos com extrema proteção trabalhista e social como Brasil, Argentina, Colômbia e Bolívia entre outros, preferem correr o risco de prisão, deportação, solidão e constante apreensão para permanecer na terra do Tio Sam?
A esmagadora maioria dos empregos destinada a imigrantes aqui nos Estados Unidos fica restrita a serviços braçais, perigosos, insalubres ou até humilhantes, atividades estas que o estadunidense já não faz há décadas e, mesmo assim pessoas de quase todo mundo procuram este abrigo. Mesmo para aqueles que conseguem empregos “normais”, inclusive cidadãos norte-americanos, as garantias trabalhistas são praticamente inexistentes.
Salvo raríssimas exceções, aqui não tem FGTS, férias remuneradas, 13° salário, aviso prévio, auxílio maternidade e outros benefícios/garantias que os trabalhadores têm em seus países de origem. Frequentemente encontramos pessoas com nível superior em seus países, trabalhando aqui na construção civil, faxina, agricultura, trabalhos insalubres etc. Não que estes empregos não tenham a mesma dignidade e respeito das funções desempenhadas normalmente por aqueles que têm curso superior, mas é no mínimo estranho.
Qual o motivo leva todas estas pessoas a procurar os riscos da imigração ou permanência ilegal nos Estados Unidos que nenhuma garantia social ou trabalhista entrega? Está cada vez mais complicado ficar aqui de forma ilegal e a tendência de melhora a curto prazo e pouco provável. “Blitz” nas ruas, polícia da imigração atuando em comunidades latinas, denúncias de vizinhos, restrição na obtenção de documentos e insegurança são predominantes no dia a dia. Seria muito mais lógico estas pessoas retornarem a seus países, conviver com a família e amigos, conseguir emprego digno e receber todos os benefícios e garantias socias.
Você conhece algum norte-americano que imigrou para o Brasil, Argentina, Bolivia ou Colômbia para trabalhar ilegalmente e receber as garantias trabalhistas que ele não tem aqui? Provavelmente não. A resposta é óbvia e inquestionável. Não adianta tentar substituir o poder aquisitivo do trabalho por garantias sociais.
A conta é simples, para poder comprar um iPhone no Brasil o trabalhador que ganha dois salários mínimos por mês precisaria em média de 3 a 4 meses de trabalho sem gastar nada do salário para adquirir o aparelho, aqui quem trabalha na faxina compra o mesmo aparelho com uma semana de trabalho.
Esta conta se aplica a outros inúmeros casos de serviços e produtos. Enquanto o Estado aumenta a máquina impondo novos impostos o empresário paga cada vez mais e o trabalhador recebe cada vez menos e o poder aquisitivo vai minguando. A máquina estatal estadunidense proporcionalmente é muito menor que a brasileira e está diminuindo na administração Trump.
Ninguém vive perigosamente e se submete a certas condições sem motivo. Cabe a indagação: Excesso de encargos e garantias ou acesso através do poder aquisitivo? A história nos mostra que todos os países que optaram por aumento na carga tributária, majoração de encargos e benefícios trabalhistas arrecadam mais e entregam menos para o trabalhador além de estrangular o empresário.
Dennis Munhoz é jornalista e advogado, foi presidente da TV Record e Superintendente da Rede TV, atualmente atua como correspondente internacional, vice-presidente da Associação Paulista de Imprensa, apresentador e jornalista da Rede Mundial e Rede Pampa nos Estados Unidos.
* Instagram: @munhozdennis
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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