Por Redação O Sul | 20 de maio de 2025
O País vem conhecendo aos poucos Samir Xaud, futuro presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que é apresentado por seus apoiadores — ou seja, a cúpula das federações estaduais e mais Gilmar Mendes & Cia — como uma “renovação” no futebol brasileiro.
No entanto, até agora ninguém foi capaz de identificar com clareza onde está exatamente essa prometida renovação. O que se destaca com mais evidência é uma antiga e conhecida conexão entre futebol, política e uma série de encrencas que envolvem diretamente Samir, além de sua família e também sua sócia comercial.
O pai de Samir, Zeca Xaud, foi presidente da Federação Roraimense de Futebol por quatro décadas — um reinado que, longe de representar mudança, simboliza a perpetuação de práticas arraigadas. Já Samir tentou duas vezes migrar para a política partidária, concorrendo a deputado em 2018 e em 2022. Nas duas ocasiões, no entanto, acabou levando “cartão vermelho” das urnas, sendo rejeitado pelo eleitorado.
Com 41 anos, Samir Xaud é proprietário da Life Fitness, um centro de treinamento voltado para o bem-estar físico, localizado em Boa Vista (RR). Sua sócia na empresa é Simone Bekel. Simone foi presa em 2018 durante a Operação Escuridão, deflagrada pela Polícia Federal (PF), que investigava um esquema de fraudes em contratos públicos para fornecimento de alimentação em presídios e também em unidades de saúde. Ela foi detida ao lado do marido, o então deputado estadual Renan Bekel Filho, que mais tarde teve o mandato cassado por compra de votos.
Além disso, a própria empresa Life Fitness consta como inapta na base de dados da Receita Federal, devido à omissão de declarações obrigatórias.
As irmãs de Samir, Samara e Sandrea, também têm vínculos com o meio político. Samara trabalhou como assessora de Chico Rodrigues, o senador flagrado em 2020 com R$ 33 mil escondidos na cueca durante uma operação da PF. Samara é casada com Jean Frank Lobato, ex-deputado estadual apontado como operador do senador. Segundo investigações, Jean Frank — cunhado de Samir — estaria cobrando, em nome de Rodrigues, 10% de empresas que prestavam serviços ao distrito sanitário indígena da terra Yanomami.
Outro cunhado de Samir, Roger Pimentel, casado com Sandrea, é dono de uma empresa contratada pela Secretaria de Saúde de Roraima durante a pandemia para fornecimento de testes rápidos. A PF, na Operação Desvid-19, identificou um superfaturamento de cerca de R$ 1 milhão nessa aquisição. (Com informações do colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo)
