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Política Plataformas digitais: petistas e bolsonaristas adotam estratégias distintas para ampliar performance em redes sociais

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Lideranças da direita têm levado larga vantagem em termos de engajamento e audiência. (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

“Muitas vezes a extrema direita faz a gente recuar. Vamos fazer uma revolução na rede digital. Cada um de vocês tem que virar um influencer na internet”, discursou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em um evento no início do mês. Ele defendia que a militância da esquerda se dedicasse mais à batalha no meio digital, ambiente em que lideranças da direita têm levado larga vantagem em termos de engajamento e audiência.

A vontade de Lula, entretanto, esbarra na disposição do próprio PT de se mobilizar para a missão. Enquanto o PL, legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus principais aliados, multiplica seminários com empresas de tecnologia para aperfeiçoar seus quadros na comunicação digital, os petistas engavetaram a mesma ideia após oposição de alas mais à esquerda da sigla.

Ao menos a Meta (dona de WhatsApp, Instagram e Facebook) e a Alphabet (Google e YouTube) ofereceram ao PT, durante a transição das gestões de Gleisi Hoffman para Humberto Costa à frente do partido, oficinas sobre boas práticas de uso das redes sociais. A ideia era que os filiados aprendessem sobre quais tipos de conteúdo, formato, frequência e reembalagem permitem maior distribuição e alcance nas plataformas. Houve uma “grita” de setores da sigla contrários à iniciativa, relatam reservadamente membros da cúpula, e o plano ruiu.

Nesse meio tempo, o PL já realizou dois seminários com palestras de bolsonaristas que são referência na atuação online e de profissionais das empresas de tecnologia. Em 21 de fevereiro, na edição de Brasília, estiveram presentes Bolsonaro e o filho Carlos, vereador pelo Rio de Janeiro e tido como grande artífice da eleição do pai em 2018 em razão da estratégia digital.

Os ensinamentos que os parlamentares jovens do PL compartilharam, no entanto, ofuscaram o manual de boas técnicas das big techs – além de Meta e Alphabet, o TikTok participou. Presidente do PL Jovem, o deputado estadual do Ceará Carmelo Neto (547 mil seguidores no Instagram), por exemplo, avisou que “por trás dos cortes (deve haver) mensagens diretas e simples que as pessoas entendam bem”.

Thiago Medina (69,3 mil seguidores), vereador em Recife, ensinou como usar os três primeiros segundos dos vídeos para chamar a atenção dos usuários com alguma cena inusitada – e, em seguida, passar a mensagem mais importante: “As pessoas não se conectam com ideias, mas com pessoas”.

A vereadora de Fortaleza Bella Carmelo (191 mil seguidores) contou como o TikTok foi primordial para sua ascensão nas redes. “Eu pegava as trends (formatos que se tornam virais na plataforma, como músicas, danças ou desafios) genéricas e incluía política. Postava vídeos engraçados para atrair seguidores para verem os vídeos com teor político.” Ela sugeriu à plateia evitar vídeos de chegadas a reuniões de trabalho e cumprimentos a aliados – que políticos mais analógicos costumam publicar.

O aplaudidíssimo Rafael Satiê (326 mil seguidores), vereador negro do Rio de Janeiro, exibiu trechos de um debate em que questionava um petista se este queria lhe “ensinar a ser preto”, contra-atacando a esquerda com temas da chamada pauta identitária. Ele se notabiliza pelo humor autodepreciativo em relação à raça. E defendeu que os bolsonaristas saíssem do Instagram e fossem para outras mídias, como revistas e canais de TV e rádio, apesar de citar apenas veículos pró-Bolsonaro.

Sucesso de público, o seminário voltou a ser oferecido em 30 de maio, na capital cearense – e também chamou a atenção pela presença de representantes das plataformas. Nas redes sociais, usuários de esquerda criticaram o que viram como uma “aliança entre as big techs e a extrema direita”. As empresas, no entanto, dizem se tratar de treinamentos oferecidos para outros partidos, autoridades e empresas. No evento em Brasília, as palestras dos profissionais dessas empresas se restringiram a técnicas de uso, sem viés político.

No último dia 4, a deputada Luizianne Lins (PT-CE) acionou a Procuradoria-Geral Eleitoral e a Polícia Federal acusando o PL de usar empresas como a Meta, o Google e a CapCut para treinar seus militantes políticos. Luizianne alegou que o PL chamou as big techs para ensinar à sua tropa as mais avançadas técnicas digitais, com o objetivo de impulsionar mensagens e desconstruir adversários na disputa eleitoral de 2026.

Na representação, a deputada citou o seminário nacional de comunicação do PL, realizado em Fortaleza, no dia 30 de maio, com participação do próprio Bolsonaro. As oficinas realizadas no evento incluíram impulsionamento com WhatsApp Business, uso de deepfakes de áudio e automação com inteligência artificial.

Oferecer aos quadros do PT especialização no uso das redes sociais ainda é defendido por muitas lideranças, apesar de a ideia ter empacado. O secretário de Comunicação do PT, o deputado federal Jilmar Tatto (SP), disse que o partido não desistiu de organizar cursos sobre redes sociais para dirigentes e parlamentares.

“Vamos deixar a próxima direção do PT cuidar disso. Mas não vai ser só com a Meta. Vamos ter cursos com os chineses também”, afirmou ele, referindo-se a TikTok e Kwai.

A discrepância entre o tratamento dado por PL e PT aos treinamentos com as plataformas se torna mais crítica uma vez que aliados de Lula vêm se preocupando com a dificuldade em comunicar os feitos do governo à população. Pesquisa Datafolha divulgada na última quinta-feira mostrou que a recuperação na imagem do governo estancou, após uma leve melhora em abril, e continua bem atrás da avaliação negativa. Os dados mostram que 40% das pessoas considera a gestão Lula ruim ou péssima, enquanto 28% a consideram ótima ou boa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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