Quinta-feira, 26 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 25 de junho de 2025
O tratamento do câncer de próstata gerou custos de R$ 625 milhões em despesas ambulatoriais no Sistema Único de Saúde (SUS) em 2024, segundo dados levantados pela LifesHub, especializada em uso de inteligência artificial para análise de dados.
O valor esteve distribuído em cerca de 1,5 milhão de procedimentos. A maior parte desse valor (R$ 491 milhões) foi destinada a tratamentos clínicos como quimioterapia e acompanhamento especializado. Já os atendimentos hospitalares somaram 42,8 mil registros, número bem inferior ao volume ambulatorial.
Segundo o CEO da LifesHub e médico radiologista, Ademar Paes Junior, o levantamento reforça o perfil do cuidado com o câncer de próstata no SUS como procedimento majoritariamente ambulatorial e de longa duração.
Contudo, outros dados oficiais levantados na mesma pesquisa mostram que a preocupação dos brasileiros com a identificação precoce do câncer de próstata está crescendo, o que é positivo para reduzir o tratamento de casos mais graves que geram maior custo.
Conforme indica a LifesHub, houve alta de 120% no número de exames de antígeno prostático específico (PSA) realizados pelo SUS em homens com mais de 40 anos no Brasil entre 2018 e 2024.
No sistema de saúde complementar, em clínicas e hospitais privados, a alta na procura por exames preventivos foi ainda mais significativa. Nesse caso, o total de exames feitos por homens entre 40 e 49 anos cresceu 381% entre 2018 e o ano passado.
Contudo, 16,9% dos diagnósticos ainda ocorrem apenas no estágio 4 da doença, quando já há comprometimento de tecidos vizinhos à próstata e maior dificuldade para tratamentos com sucesso.
“Em 2020, com a pandemia e o afastamento social, houve uma queda no número de exames, o que pode ter resultado na postergação de diagnósticos que ocorreram em maior número em 2022 e 2023”, diz Paes Junior.
Os dados da LifesHub indicam que em 2020 foram feitos apenas 398,7 mil exames de PSA no SUS em homens com mais de 40 anos. Em 2019 haviam sido 468,7 mil procedimentos.
O levantamento ainda alerta para a necessidade de acelerar o encaminhamento dos pacientes para tratamento. Segundo os dados, 48,7% dos pacientes levam mais de 60 dias desde o diagnóstico até o início do combate à doença.
“Enquanto algumas organizações já usam esses insights para mapear riscos, antecipar demandas e ajustar linhas de cuidado com precisão, outras ainda tomam decisões no escuro. Em um setor onde agilidade e previsibilidade são diferenciais competitivos, não ter acesso a essas informações é correr o risco de perder espaço, eficiência e vidas”, sugere Paes Junior. As informações são do jornal Valor Econômico.