Domingo, 14 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 11 de setembro de 2025
O voto de Cármen Lúcia tem peso significativo no julgamento de Jair Bolsonaro. A expectativa era de que a posição dela, somada aos votos de Alexandre de Moraes e de Flavio Dino, consolidaria a maioria dos votos pela condenação do ex-presidente acusado de líder da trama golpista. E foi o que aconteceu.
É simbólico que Cármen Lúcia tenha decidido a votação que sacramentou o destino criminal e político de Bolsonaro. Entre o primeiro e o segundo turno das eleições de 2022, o então presidente acusou a ministra de fazer “de tudo” para que Lula se elegesse presidente. Também atacou a ministra por decisões e votos que contrariaram os interesses de seu governo.
Cármen Lúcia também já criticou o governo de Jair Bolsonaro. Em março de 2022, durante julgamento do STF de ações que acusavam o ex-presidente de ferir a Constituição Federal no desmatamento da Amazônia, a ministra iniciou o voto falando metaforicamente de cupins.
“O que são esses cupins? O cupim do autoritarismo, o cupim do populismo, e cupim de interesses pessoais, o cupim da ineficiência administrativa. Tudo isso ajuda a construir um quadro que faz com que não se tenha o cumprimento objetivo da matéria constitucional”, declarou.
Não é a primeira vez que Cármen Lúcia define o destino de Bolsonaro. Em junho de 2023, a ministra deu um voto que formou a maioria no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pela inelegibilidade do ex-presidente.
Cármen é a quarta a votar na Primeira Turma do STF sobre o processo da trama golpista. Apenas Luiz Fux votou pela absolvição de Bolsonaro e outros réus. Depois da ministra, Cristiano Zanin, também votou pela condenação do ex-presidente.
Logo no início da sessão, a ministra marcou posição divergente de Fux, que não permitiu apertes ao voto apresentado na sessão de quarta-feira (10). Diante de pedidos de Dino e Moraes, concedeu apartes, disse que fazia isso “com muito gosto” e que era “da prosa”. Ponderou, no entanto, que os apartes teriam de ser breves, porque queria falar. “Nós, mulheres, ficamos dois mil anos caladas”.
A ministra também enfatizou que escreveu um voto com 396 páginas, mas que não iria ler tudo, porque não haveria necessidade. Na quarta, Fux leu um voto de mais de 400 páginas ao longo de quase 11 horas. (Análise por Carolina Brígido, de O Estado de S.Paulo)