Terça-feira, 30 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 25 de setembro de 2025
O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy, de 70 anos, foi condenado nessa quinta-feira (25) a cinco anos de prisão por associação ilícita no caso de financiamento ilegal de sua campanha eleitoral de 2007 na Líbia, com recursos do regime do ditador Muamar Kadafi. Após a condenação, Sarkozy reagiu, dizendo que dormiria na prisão “de cabeça erguida” e prometeu lutar até seu “último suspiro para provar sua completa inocência”. Dentro de um mês, segundo o jornal francês Le Monde, ele será intimado pelo Ministério Público, que informará a data de sua prisão.
Diante das câmeras, após o julgamento, ele afirmou que o que aconteceu no tribunal “é extremamente grave para o Estado de Direito” e para “a confiança que podemos ter na justiça”. O ex-presidente enfatizou que foi absolvido de três das quatro acusações:
“Fui condenado por supostamente permitir que dois dos meus colegas tivessem a ideia de financiar ilegalmente minha campanha. Assumirei minhas responsabilidades. Cumprirei as intimações dos tribunais e, se eles realmente quiserem que eu durma na prisão, dormirei na prisão. Mas de cabeça erguida. Sou inocente”, afirmou, acrescentando que vai recorrer da sentença. “Lutarei até o meu último suspiro para provar minha completa inocência.”
Sarkozy, que nega todas as acusações, acompanhou a leitura da sentença em Paris ao lado da esposa, a modelo e cantora Carla Bruni-Sarkozy, e de seus três filhos. A Procuradoria havia pedido sete anos de prisão, considerando-o o verdadeiro responsável por um pacto com o então ditador líbio Muamar Kadafi.
A nova condenação se soma a outras duas anteriores, por corrupção, tráfico de influência e financiamento ilegal de campanha, em 2012. Uma delas levou Sarkozy a perder a mais alta distinção da França, a Legião de Honra.
O tribunal decidiu que a prisão seria aplicada mesmo se Sarkozy apelasse — uma sentença dura que poucos esperavam e que não tem precedentes na história moderna da França para um ex-presidente. Outras 11 pessoas também foram processadas. Entre os condenados estão o ex-braço direito de Sarkozy, Claude Guéant, e o ex-ministro Brice Hortefeux. O caso tem como base depoimentos de sete ex-dignitários líbios, viagens de Guéant e Hortefeux ao país, transferências de dinheiro e os cadernos do ex-ministro do Petróleo líbio Shukri Ghanem, encontrado morto no rio Danúbio, em Viena, em 2012.
Os promotores disseram ao tribunal que Sarkozy e seus assessores elaboraram um “pacto de corrupção” com Kadafi e o regime líbio em 2005 para financiar ilegalmente a candidatura vitoriosa de Sarkozy à eleição presidencial dois anos depois.
Segundo a investigação, em troca de apoio financeiro para a campanha de 2007, Sarkozy teria oferecido ajuda a Kadafi para restaurar sua imagem internacional, após acusações de envolvimento da Líbia em atentados contra aviões na Escócia e no Níger. Na ocasião, em troca do dinheiro, o regime líbio solicitou favores diplomáticos, jurídicos e comerciais. Kadafi, cujo governo de 41 anos foi marcado por abusos de direitos humanos, havia sido isolado internacionalmente devido à conexão de seu regime com o terrorismo, incluindo o atentado ao voo 103 da Pan Am sobre Lockerbie, na Escócia, em dezembro de 1988. As informações são do jornal O Globo e de agências internacionais de notícias.