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Política “Química” entre Lula e Trump foi fruto do trabalho profissional de diplomatas e empresários do Brasil e dos Estados Unidos

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O encontro entre Lula e Trump, ainda que breve e informal, foi construído sob absoluto sigilo a fim de evitar sabotagens. (Foto: Reprodução)

A recente aproximação entre os presidentes Lula da Silva e Donald Trump durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York, nada teve de fortuita. Como mostrou o Estadão, a “química” entre os chefes de Estado e de governo do Brasil e dos EUA foi fruto do trabalho discreto e profissional levado a cabo por diplomatas, autoridades políticas e empresários de ambos os países que compreendem o valor da paciência, da técnica e da boa-fé para as relações bicentenárias entre duas nações amigas com múltiplos interesses em comum.

O encontro entre Lula e Trump, ainda que breve e informal, foi construído sob absoluto sigilo a fim de evitar sabotagens, em especial aquelas orquestradas pelo blogueiro Paulo Figueiredo e seu títere, o ainda deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), ambos homiziados nos EUA. Nesse sentido, foi decisiva a participação do vice-presidente Geraldo Alckmin e do chanceler Mauro Vieira, pelo lado brasileiro, e dos enviados especiais Jamieson Greer e Richard Grenell, pelo lado norte-americano. A escolha da discrição como método provou-se um sucesso. Ao blindar as negociações contra a ação sub-reptícia daqueles dois traidores interessados no fracasso da aproximação de alto nível, a diplomacia permitiu que as conversas evoluíssem com objetividade e pragmatismo, livres, portanto, da poluição ideológica.

Isso traz à luz dois aspectos relevantes. O primeiro é a reafirmação do papel da diplomacia oficial e da interlocução empresarial como instrumentos fundamentais de política externa. No momento mais tenso nas relações bilaterais entre Brasil e EUA, foram os adultos na sala que viabilizaram a abertura de um canal direto entre os dois governos. Empresários fortemente impactados pelas tarifas impostas por Washington às exportações brasileiras desempenharam papel determinante nesse processo.

Longe de ser mero lobby, a articulação representa a legítima defesa de interesses econômicos. Companhias brasileiras com forte presença nos EUA sofrem diretamente com as barreiras comerciais erguidas pela Casa Branca. A seus controladores, mas não só, interessa levar a Trump uma visão da realidade brasileira que se contrapõe às mentiras da dupla Figueiredo-Bolsonaro, que até então vinha monopolizando o fluxo de informações.

Eis, então, a segunda dimensão desse episódio, de natureza política: a quebra do monopólio informacional que o bolsonarismo exercia sobre o governo Trump. Até recentemente, a imagem do Brasil que chegava à Casa Branca era em grande parte mediada por vozes desonestas interessadas em difundir a versão conspiratória de que o Supremo Tribunal Federal, em conluio com o governo Lula da Silva, perseguia Jair Bolsonaro e seus comparsas golpistas. Esse retrato falacioso criou um ambiente de desconfiança e hostilidade mútuas.

A bem da verdade, mesmo antes de Trump assumir o cargo, Lula já havia declarado apoio à sua então adversária na eleição de 2024, Kamala Harris, o que atrapalhou, por óbvio, a construção de uma relação amistosa entre ambos. Mas, com a abertura de um canal diplomático regular, o fato é que o petista mostrou-se disposto a estreitar os laços com sua contraparte e a Casa Branca passou a ter acesso a informações mais fidedignas e plurais sobre a conjuntura brasileira, reduzindo o espaço de influência das víboras bolsonaristas.

É cedo, naturalmente, para prever quais resultados concretos advirão do encontro entre Lula e Trump – supondo que, de fato, haverá essa reunião. Contudo, é inegável que a retomada de um diálogo institucional representa uma vitória para ambos os países. O simples fato de os presidentes estarem dispostos a ouvir-se reciprocamente, colocando sobre a mesa as prioridades de cada lado, já constitui um avanço expressivo em comparação ao clima beligerante que vinha prevalecendo até agora.

Seja qual for o desfecho, o saldo imediato desse movimento já é positivo: a diplomacia e o empresariado conseguiram romper o isolamento criado pelo discurso sectário e interesseiro do bolsonarismo e recolocaram Brasil e EUA em rota de aproximação e interlocução madura. (Opinião veiculado em O Estado de S. Paulo)

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