Sexta-feira, 24 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 23 de outubro de 2025
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a procurar parlamentares para recompor sua base no Congresso Nacional, após a demissão de aliados políticos de deputados que votaram contra a MP (medida provisória) do aumento de impostos.
A estratégia é que isso seja usado para atender aos aliados que apoiarem o Executivo em votações prioritárias até o fim do ano.
O rearranjo também busca privilegiar políticos que sinalizarem que deverão caminhar com Lula em 2026. O presidente afirmou de forma categórica na última quarta-feira (22) que disputará a reeleição, para buscar um quarto mandato.
Desde o último dia 10, o governo passou a demitir indicados políticos de deputados que votaram contra a MP, numa resposta aos integrantes da base governista que não têm seguido as orientações do Palácio do Planalto.
A equipe da ministra Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais) está mapeando os cargos vagos e procurando lideranças da Câmara dos Deputados para indicar os substitutos. Dois aliados da ministra dizem que integrantes do Planalto também foram procurados por parlamentares, numa tentativa de reaproximação com o Executivo após a demissão de seus apadrinhados.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), vem sendo escutado nesse processo e participará dessa recomposição, assim como líderes de partidos da Câmara. Uma reunião entre Motta e Gleisi ocorreu nesta quarta-feira (22) para tratar do assunto. Também estiveram presentes o líder do PP na Câmara, Doutor Luizinho (RJ), e o ministro André Fufuca (Esporte).
Um encontro da ministra com Motta e o líder do União Brasil, Pedro Lucas (MA), estava previsto para ocorrer nessa quinta (23) para discutir o mesmo tema. Segundo interlocutores de Motta, o presidente da Câmara tem atuado como articulador junto às bancadas do PP e do União Brasil desde que os presidentes das duas siglas romperam com o governo federal.
Aliados de Lula dizem que Motta será figura importante nesse processo de recomposição dos cargos, mas negam que haverá uma terceirização da construção dessa base aliada, indicando que o núcleo da articulação política dará a palavra final para quem será contemplado com esses postos.
O objetivo é evitar o que ocorreu com o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), que distribuiu cargos até para o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro para manter uma rede própria de apoiadores – não necessariamente fiéis a Lula.
Além disso, a ideia é que o governo tenha mapeado cada uma das indicações para cobrar fidelidade dos aliados nas principais votações até o final deste ano. Esse movimento é considerado como uma nova oportunidade para o Executivo atrair deputados que até então não estavam contemplados com indicações, de acordo com aliados do petista.
Mais cedo, nessa quinta, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), disse que essa reaproximação com os partidos é uma diretriz que foi dada pelo próprio presidente da República. “Repactuar a construção dos partidos que estão dispostos a caminhar com o governo para aprovação daquelas matérias que são estratégicas para o país e para o governo.”
Governistas também dizem que essa reacomodação dos cargos poderá ajudar a distensionar o clima de insatisfação dos deputados com o governo, sobretudo pelo que classificam como uma baixa execução orçamentária das verbas com apadrinhamento político. Parlamentares se queixam do ritmo de pagamento das emendas parlamentares ao Orçamento, principalmente às vésperas do ano eleitoral. (Com informações da Folha de S.Paulo)